A espécie humana é apenas uma entre milhões de outras formas
de vida belas, terríveis, fascinantes e significantes. Não obstante, os não
humanos continuam, indiferentemente, a ser explorados, comidos, sodomizados,
objetos de experimentação e cativos para o entretenimento humano. Aos recentes
questionamentos que vêm sendo levantados sobre esse estado de coisas, a
resposta de alguns convoca a um pluralismo étnico pós-moderno segundo o qual
dar lugar à alteridade animal não significa abandonar a razão em nome de um
vago respeito a algum inefável outro, mas, sim, chegar ao outro por meio de uma
ética que não se confunde com uma ética normativa sobre o direito dos animais.
Quando bem feita, a consciência eventualmente descobrirá que a alteridade
animal não se define pelo pertencimento a um mundo lá fora totalmente
estrangeiro, mas constitui-se em uma radical diferença e alteridade que
estruturam o humano em seu próprio cerne.
Então, um Feliz Natal Animal pra quem gosta! E pro-raio-que-o-parta o presépio e toda aquela bagacera.
(O explorador de abismos, Derrida, Lacan, Bazzo e outros quetais humanos)