quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Gripe Suína e o Planeta dos Macacos


Ok. Estou um pouco atrasado. A OMS já anunciou que não vai mais chamar de Gripe Suína a Gripe Suína. Devemos agora chamá-la de H1N1 influenza A. Que chato. Eu preferia Gripe Suína, ainda mais depois de saber que a OMS ordenou o rebatismo quando a indústria agropecuária e a agência da ONU para alimentação manifestaram preocupação de que o termo "gripe suína" estivesse desorientando consumidores e causando uma matança desnecessária de porcos em alguns países. Coitados dos porcos. Não adianta o Discovery fazer programas mostrando como eles são inteligentes e como dariam melhores animais de estimação do que os cachorros. Sobra sempre pra eles. Nem nos romances eles são poupados, que o diga George Orwell.



Quem deve ter ficado feliz com a nova "pandemia", além da imprensa sensacionalista de inspiração estadunidense, como a nossa, foi a indústria farmacêutica. Ontem mesmo, no Jornal Nacional, apelou-se para que a população parasse de se medicar por conta própria devido à gripe H1N1 influenza A. Não existia, até ali, nenhum caso registrado na América do Sul inteira (hoje é que apareceu a primeira suspeita, pelas bandas de alguma montanha peruana). Mesmo assim, acabaram com o estoque de anti-gripais no Rio de Janeiro. Com relação aos porcos, mais uma vez o Jornal Nacional se calou.


Muito bem. Cada um que arrume seu jeito de sair da crise, ou de fechar de vez com as fronteiras mexicanas, especialmente as do norte. No final, não passa de mais uma história de porcos e de chiqueiros, de grandes interesses financeiros, de supérfulos motivos para segregar... Estas sim, verdadeiras "pandemias" que o homem não se cansa de produzir, e que a humanidade não se cansa de enfrentar...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

22 de abril - Dia do Planeta Terra

Uma homenagem carinhosa do Governador Arruda ao nosso Planeta

sábado, 4 de abril de 2009

Parabéns, Internacional

Não entro no mérito do interesse do leitor sobre o tema, nem no mérito do próprio tema. Isto é irrelevante. O propósito deste post é absolutamente egoísta e mesquinho. Quero deixar um registro pessoal para mim mesmo! Este se trata de um espaço onde exponho meus pensamentos, o que me oferece tal prerrogativa.

Sou colorado e hoje o Sport Clube Internacional completa 100 anos. Em 1909, um tal de Henrique Poppe Leão e seus irmãos, José e Luís, resolveram fundar um clube de futebol, pois os então existentes em Porto Alegre eram fechados para "estrangeiros", especialmente os "não-germânicos". Negros e operários, nem se fala. Henrique foi comerciante, mas era também jornalista. Escrevia para diversos jornais, dentre os quais um tal de "Jornal Exemplo", relacionado à cultura negra. Estes jornais foram praticamente "esquecidos" pela historiografia oficial, mas eram diversos naquela República ainda recente. O Internacional, com certo ideário inconformista, libertário e ecumênico, a contar por seu próprio nome, desde sempre teve suas portas abertas a quem fosse, tanto que dois negros já assinavam sua ata de fundação.

Não por acaso, foi o primeiro clube gaúcho (e pioneiro também em termos nacionais) a aceitá-los em seu plantel, selecionados que eram da "Liga da Canela Preta", campeonato extra-oficial organizado pelos negros porto-alegrenses, que se negavam a deixar de praticar o nobre esporte bretão. Somente nos anos 1920 o Inter começou a remunerar seus atletas, o que atraiu os craques da "Liga" para o Clube. Na época, a marginalização social deles e de outros grupos era ainda maior. Mas não com o Colorado. Somente o Inter os recebia. Impulsionados por seus representantes nas equipes, os torcedores que ocupavam as regiões mais humildes da capital se viram atraídos para o Inter, que recebeu na época a relevante alcunha de "Clube do Povo", que orgulhosamente ostenta até hoje. Também nos chamavam de "clube dos negrinhos", e, adaptando o pensamento racista gaúcho para os dias atuais, ainda nos chamam lá pelo sul de "macacos". Sem problemas. Somos internacionais. Somos plurais. Somos tudo isso mesmo, com muito orgulho.

Nos anos 1940 o Clube contava com um elenco formidável, que formou o inesquecível "Rolo Compressor". Na época, no antigo Estádio dos Eucaliptos, o time contava com um torcedor famoso, chamado Charuto (foto). Charuto era um negrinho que, conta-se, vivia de biscates no porto de Porto Alegre. No Inter era ilustre. Não pagava ingressos. Sentava na primeira fila, onde assistia as inesquecíveis vitórias invariavelmente bêbado, bradando tenazmente "Cororado! Cororado!" para quem ousasse chiar contra o Clube nas arquibancadas. Ainda nos anos 1940, e por razões que jamais saberemos, Charuto levou uma facada nas cercanias do Mercado Público de Porto Alegre. Morreu assim, viveu como pôde, mas foi enterrado como príncipe, quando seu ataúde foi carregado pelos jogadores colorados devidamente fardados.

Nos anos 1960, o Clube recebeu da Prefeitura um pedaço de água nas margens do Lago Guaíba. A começar pelo esforço em aterrar o "terreno", contando com a força de um sentimento muito popular, começou a erguer seu atual Estádio, o Gigante da Beira-Rio. A obra era deveras custosa, e parecia interminável. Depois de muitos anos e contando com o apoio de sua torcida, que doava o que podia, areia, cimento, tijolos... conseguiu inaugurar uma nova era, também inesquecível.






São muitas histórias que me fazem estar ligado a este sentimento de ser colorado, que significa, dentre muitas coisas, a estabelecer fraternidades sem preconceitos ou pré-requisitos. Grande parte dessas histórias sequer vivi, como estas que preferi recordar agora. Ser colorado significa outra coisa. Não se relaciona com a crítica fugaz do esporte como alienação. Está acima destas coisas. É um elo com a terra onde nasci. Com meus familiares e comparsas, colorados ou não. Faz parte da raiz de minha identidade. Provoca-me orgulho e satisfação, em um mundo tão carente de alegrias e tão demandante de deliciosas alienações.