Não pretendo escrever hoje sobre essa escória. Batatinha quando nasce, é a voz da expiação.
Eu ia dizendo... como bom brasileiro que sou, o ano também começou para mim depois das festas de momo. Aparentemente sem muitas mudanças do ano anterior, afinal, sigo reduzindo a minha existência a mais trabalhar do que contemplar. Ainda me sinto explorado por um universo que me oprime e me censura, cotidianamente, ao me revelar a verdadeira face de quem sou, nada além de mais uma peça dentre tantas, que procura alimentar o corpo e descansá-lo a fim de conformar o imaginário à ideia de que perder os dias lidando com pessoas medíocres e apedeutas para que eu possa sobreviver é estritamente necessário para que eu atinja a tal felicidade com os frutos de um labor que deve ser de grande utilidade para o andar da carruagem no curso da história. Simples assim.
A cada ano, também renovo minhas esperanças e desejos. Penso em coisas fúteis e ordinárias, como a salvação do mundo, a minha própria ou a clareza de um sentido para a vida. E a cada ano fico convencido de que meu caminho não se trata de lançar-me como escritor de livros de auto-ajuda. Como Maurois, eu diria coisas do tipo: a ilusão eterna, ou que renasce amiúde na alma humana, está bem perto de ser realidade.
Mas para não dizer que não falei de flores, ou melhor, do espírito fancarroníssimo do carnaval que já se foi e que este ano começou tarde, a boa notícia é a de que teremos um ano mais curto, afinal, agora falta menos para o natal, menos tempo para enfrentarmos o tal interlúdio também conhecido por realidade. Por isso, lembre-se de que o horizonte costuma estar nos olhos, e não nela.
Feliz Ano Velho a nosotros.
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