Se houvesse alguém que pudesse viver inteiramente sem o uso do dinheiro, o próprio Estado hesitaria em exigir-lhe pagamento. Mas o homem rico - sem querer fazer nenhuma comparação invejosa - está sempre vendido à instituição que o faz rico. Falando em termos absolutos, quanto mais dinheiro, menos virtude, pois o dinheiro se interpõe entre um homem e seus objetivos, e os obtém para ele, e certamente não há grande virtude em fazê-lo. O dinheiro abafa muitas questões que, de outro modo, este homem seria levado a responder, ao mesmo tempo em que a única nova questão que propõe é a difícil, embora supérflua, questão de saber como gastá-lo.
Assim, seu fundamento moral lhe é retirado de sob os pés. As oportunidades de viver diminuem na proporção em que aumenta o que se chama de 'meios'. O melhor que um homem pode fazer por sua cultura, quando enriquece, é tentar pôr em prática os planos que concebeu quando pobre".
Thoreau escreveu isso em 1849. A única coisa que eu gostaria de saber é o que resta àqueles que já nasceram ricos. Aos demais, a massa, aos que nasceram pobres e assim permanecerão até morrer, conta-nos a História, há pouca ou nenhuma esperança.
Com efeito, o populacho não quer saber de depor o rei, pois ele simboliza o lugar porvir que nunca virá, aquele que alimenta o sonho do populacho, mesmo que ele morra sonhando esse sonho como costuma acontecer, anestesiando-se nas novelas do Manoel Carlos com o luxo burguês da zona sul carioca que projeta para si, mas que jamais em sua vida experienciará disso algo além do que os serviços que a cozinha, a área de limpeza ou os banheiros lhe oferecem. Das estantes apinadas de livros limpar-se-á o pó, e só.
Mas ninguém quer saber de depor o rei e queimar o trono para sempre. No máximo, sonha-se em ser tão déspota quanto ele, tão "notório" ao ponto de precisar de um segurança a tiracolo até na hora de ir cagar.
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