Hoje é o aniversário de uma tragédia, e os Guerrilheiros não poderiam deixar passar essa data sem lembrar de suas vítimas. Mesmo porque a grande mídia mundial seguramente não o fará em seus telejornais e tablóides ridículos.
Exatamente há 34 anos atrás, as forças armadas chilenas, lideradas pelo facínora Augusto Pinochet e agenciadas e financiadas pela facínora inteligência estadunidense derrubaram o governo legitimamente eleito de Salvador Allende no país andino. Em nome dos velhos chavões “democracia”, “valores cristãos” e “liberdade”, milhares de pessoas foram mortas ou torturadas. Apenas para se ter uma idéia, no dia seguinte ao golpe o Estádio Nacional de Santiago foi transformado num campo de prisioneiros e de tortura. Dados “extra-oficiais” dão conta de que agentes da CIA forneciam os ensinamentos básicos do terror aos algozes chilenos. Cerca de sete mil pessoas ali passaram de acordo com a Cruz Vermelha.
Para aqueles que não acreditam em “teorias da conspiração”, dias depois à posse de Allende, os Estados Unidos embargaram o comércio do principal produto chileno (o cobre), o que tornou praticamente impossível o financiamento das reformas sociais anunciadas por Allende, que teve que se contentar em concretizar realmente uma única reforma: permitir que todas as crianças chilenas recebessem gratuitamente meio litro de leite, todos os dias, até completarem oito anos de idade.
Mas projetos desta natureza colocam em risco a “liberdade” e a “democracia”, pois não parecem ser lucrativos. Imaginem a ameaça resultante de um povo “inferior” bem alimentado e, quiçá, educado? Com o tempo, poderiam pensar que comer um sanduíche borrachudo ou ir para Disneylândia não se tratam de grandes projetos para a infância.
Em meio ao terror instaurado no Chile, o governo republicano de Nixon reconheceu oficialmente o novo governo andino quinze dias após o golpe, apenas para não ficar tão descarado. E, claro, tudo em nome da "democracia" (pasmem), assim como o fizeram com relação a todas as ditaduras latino-americanas alinhadas aos seus interesses na época.
Henry Kissinger, diplomata estadunidense ligado ao Chile declarou à época:
“Eu não vejo porque nós temos de esperar e olhar um país se tornar comunista
devido a irresponsabilidade de seu povo”. Resultado: Kissinger foi laureado
com o Prêmio Nobel da Paz em 1973.
Quanto ao outro 11 de setembro – aquele mais famoso – não me façam rir.
Minha consternação é tamanha que me impossibilita o sarcasmo hoje.
Desculpem-me.
Sniper