terça-feira, 20 de maio de 2008

O chinelo de Joanir

Esta é a história de Joanir Pereira, agricultor da cidade de Cascavel, interior do Estado do Paraná. Como muitos brasileiros, Joanir é um Trabalhador de roça. Trabalha com Sol a pino pra receber, quando muito, um salário mínimo. Geralmente os trabalhadores da roça são explorados pelos seus patrões, que aproveitam do apedeutismo de seus empregados. Joanir não era exceção à regra e levou seu patrão para a Justiça do Trabalho para exigir seus direitos.

Trabalhador e patrão fariam um acordo perante o Juiz. Agricultor ignorante e patrão esperto. Não precisamos dizer quem levaria vantagem neste acordo que não aconteceu. O acordo não aconteceu porque o Juiz, Bento Luiz de Azambuja Moreira, notou que Joanir calçava chinelo, e suspendeu a sessão. A ata do Fórum deixa claro o motivo:

“O juíz deixa registrado que não irá realizar esta audiência, tendo em vista que o reclamante compareceu em juízo trajando chinelo de dedos, calçado incompatível com a dignidade do Poder Judiciário”.

Na audiência seguinte, Joanir, já humilhado, compareceu com sapatos emprestados pelo sogro. O digníssimo magistrado, por estar com processo por falha disciplinar no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), tentou presenteá-lo com um par de calçados. O agricultor recusou. Jovair entendeu que receber esmolas não é compatível com a dignidade do Poder Judiciário. O trabalhador de roça queria apenas os seus direitos, de chinelo ou descalço. Ao Juiz Bento, com certeza, nada acontecerá. O CNJ concordará que chinelos são incompatíveis com a dignidade do nosso judiciário lento e fracassado.

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