terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Morra Niemeyer!


Prezado Niemeyer,

Você que tanto fez pela humanidade, palácios, bibliotecas, igrejas, museus aos montes, fez até a sede na ONU em Nova Iorque, poderia fazer um último favor aos brasileiros: Morra!

Admiro a sua trajetória, mas ninguém precisa viver mais de 100 anos. Até relevaria caso sua existência fosse benéfica, mas não é. Toda vez que você desenha algo com a sua mão trêmula e seus traços infantis, algum político acha que é a obra mais genial da arquitetura e gasta absurdos do dinheiro público pra construir suas bizarrices de concreto.

Não que políticos entendam de obra de arte. Eles simplesmente enxergam os seus desenhos no papel higiênico feitos em momentos de reflexão sanitária como mais uma maneira de desviar recursos públicos. Comecei a pensar nos benefícios de sua morte quando o então governador Joaquim Roriz prometeu concretizar alguns de seus desenhos na Esplanada dos Ministérios. Em troca, você fez propaganda política para o governador.

Chega de concretos, chega de monumentos suntuosos, chega de igrejas (aliás, como comunista e ateu declarado, você nem deveria se prestar a tal papelão eclesiástico), chega de dinheiro público! Você já transformou uma cidade jovem como Brasília em seu museu particular, que apesar de nova, tudo cheira a velho. Acredito piamente que um dos motivos do alto índice de suicídio em Brasília é incentivado pela sua arquitetura fria e sem janelas.

Mude-se para Cuba e morra tranqüilo, sem mandar nenhum desenho bizarro para nossos políticos. Aliás, em Cuba, acabaram de inaugurar um monumento de 9,5 toneladas que você criou, representando a luta contra o monstro do imperialismo (imagem). Lindo! O meu sobrinho que está por nascer não faria melhor!

Seus prédios não funcionam, não tem utilidade e são caros demais. De acordo com especialistas, suas bizarrices são assinadas com preço 30% acima do mercado. Esta semana a revista “Isto É” publicou uma reportagem com o título: “O Niemeyer que deu Errado”. Sobre o Museu Nacional construído por Roriz, o jornal “New York Times” concluiu: “É uma desonra para um país como o Brasil e desconfortável para a arte”. De acordo com o professor de arquitetura da UnB, Frederico Flósculo: “A biblioteca e o museu são fabulosamente ruins. O museu parece mais uma colina de material de construção, tudo por dentro e por fora é malfeito. A biblioteca é caso de Procon”.

Está vendo Niemeyer! Já não sou voz que clama no deserto. Quem gosta de seus desenhos são os políticos que desviam recursos. Tenho notícias que o senhor irá projetar um teatro, uma casa multimídia e a nova sede da embaixada do Brasil em Cuba. Por favor Niemeyer, morra e não deixe nenhum rabisco de herança. Você já fez o suficiente, agora morra! Ou mude-se pra Cuba, que daria no mesmo.

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