segunda-feira, 17 de março de 2014

Feliz Ano Velho


Todo mundo sabe que o ano começa no Brasil depois do carnaval. Aliás, os políticos em geral detestam esse pequeno e enfadonho interlúdio que vai do carnaval até o feriado de natal. Vez que outra eles precisam trabalhar.

Não pretendo escrever hoje sobre essa escória. Batatinha quando nasce, é a voz da expiação.

Eu ia dizendo... como bom brasileiro que sou, o ano também começou para mim depois das festas de momo. Aparentemente sem muitas mudanças do ano anterior, afinal, sigo reduzindo a minha existência a mais trabalhar do que contemplar. Ainda me sinto explorado por um universo que me oprime e me censura, cotidianamente, ao me revelar a verdadeira face de quem sou, nada além de mais uma peça dentre tantas, que procura alimentar o corpo e descansá-lo a fim de conformar o imaginário à ideia de que perder os dias lidando com pessoas medíocres e apedeutas para que eu possa sobreviver é estritamente necessário para que eu atinja a tal felicidade com os frutos de um labor que deve ser de grande utilidade para o andar da carruagem no curso da história. Simples assim.

A cada ano, também renovo minhas esperanças e desejos. Penso em coisas fúteis e ordinárias, como a salvação do mundo, a minha própria ou a clareza de um sentido para a vida. E a cada ano fico convencido de que meu caminho não se trata de lançar-me como escritor de livros de auto-ajuda. Como Maurois, eu diria coisas do tipo: a ilusão eterna, ou que renasce amiúde na alma humana, está bem perto de ser realidade.

Mas para não dizer que não falei de flores, ou melhor, do espírito fancarroníssimo do carnaval que já se foi e que este ano começou tarde, a boa notícia é a de que teremos um ano mais curto, afinal, agora falta menos para o natal, menos tempo para enfrentarmos o tal interlúdio também conhecido por realidade. Por isso, lembre-se de que o horizonte costuma estar nos olhos, e não nela.

Feliz Ano Velho a nosotros.


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Ho-Ho-Ho: Sobre Perus e outros quetais animais

A espécie humana é apenas uma entre milhões de outras formas de vida belas, terríveis, fascinantes e significantes. Não obstante, os não humanos continuam, indiferentemente, a ser explorados, comidos, sodomizados, objetos de experimentação e cativos para o entretenimento humano. Aos recentes questionamentos que vêm sendo levantados sobre esse estado de coisas, a resposta de alguns convoca a um pluralismo étnico pós-moderno segundo o qual dar lugar à alteridade animal não significa abandonar a razão em nome de um vago respeito a algum inefável outro, mas, sim, chegar ao outro por meio de uma ética que não se confunde com uma ética normativa sobre o direito dos animais. Quando bem feita, a consciência eventualmente descobrirá que a alteridade animal não se define pelo pertencimento a um mundo lá fora totalmente estrangeiro, mas constitui-se em uma radical diferença e alteridade que estruturam o humano em seu próprio cerne.

Então, um Feliz Natal Animal pra quem gosta! E pro-raio-que-o-parta o presépio e toda aquela bagacera.

(O explorador de abismos, Derrida, Lacan, Bazzo e outros quetais humanos)

quarta-feira, 3 de julho de 2013

As recentes revoltas no Brasil, algumas palavras


Os Guerrilheiros do Planalto oferecem total apoio aos levantes populares que tomaram conta do Brasil precipitados pela revisão das tarifas do transporte público, mas que, ao longo dos últimos tempos, teve acrescida uma série de justas revindicações pela ampliação dos direitos sociais e econômicos da população brasileira.

Vivemos em um país rico, de população pobre. O adágio é verdadeiro. Claro que, enquanto ainda tivermos miseráveis, ainda teremos uma população de miseráveis. Mas este número tem mudado nos últimos anos, e alguns dados são de fato significativos (estima-se que 30 milhões de brasileiros tenham saído da miséria no último decênio). Entretanto, nossa carga tributária está entre as maiores do mundo, em contrapartida, nossos serviços públicos não são retornados à população em medida sequer aceitável. O povo quer mais, mesmo não sabendo exatamente o que isto significa.

Trata-se de uma verdadeira "irrupção do real", no sentido lacaniano, conforme li dia desses nalgum lugar. É verdade: o "padrão fifa" para se referir à excelência foi paulatinamente apropriado pela população brasileira de forma a tomar um novo significado, que pode de alguma forma sintetizar o teor das revindicações: o povo deseja um governo padrão fifa, que lhe garanta, naquilo que lhe compete, uma vida padrão fifa!

Esta revindicação típica da classe média, que, com sua força, quando deseja, se faz ouvir, em nada retira espaço do combate à pobreza absoluta ou de qualquer outro tipo que ainda perdura no Brasil. Quer dizer, combater o "empobrecimento" não exime o combate à pobreza em si. Nem retira espaço da ampliação da cidadania como um todo.

Mas a irrupção do real também ecoa as atuais práticas governamentais (e não políticas, porque, afinal, o texto sempre está escrito direitinho) para lidar com os direitos humanos. Não me refiro propriamente à truculência da polícia aqui e ali junto aos manifestantes mais pacíficos ou mais desregrados, ou ao desregramento em si (guardamos nossos juízos de valor para os demônios e corruptos, e não para os ingênuos e precipitados), mas antes à intolerância que o governo demonstra há algum tempo ao aplicar a qualquer custo o seu PAC junto a comunidades tradicionais, muitas delas vislumbrando inclusive a retomada do processo de extinção sistemático a que são submetidas historicamente. Capítulo que se renova nos tempos de hoje sob a égide deste governo "inclusivo e democrático". Um contrassenso, convenhamos.

Saudamos as novas trincheiras e nos somamos a elas, de corpo, alma e palavra. Desejamos sabedoria à guerrilha, a nós mesmos. A mensagem deve ser transmitida de forma contundente, mas producente. A violência nem sempre é uma escolha necessária, quando ainda é possível a aplicação de pedagogias mais construtivas, o que parece ser o caso deste momento. Que o governo sintonize esta frequência o quanto antes, como tem demonstrado desejar fazer. E que tal sintonia não se resuma em responder dignamente apenas às revindicações que aparecem na grande mídia. Estamos sempre atentos a tudo: você governo, não consegue nos enganar por muito tempo, lembre-se disto.

O processo é importante. Os governos, qual seja, devem sempre se cagar de medo da sua população, e fazer as coisas direitinho. Do contrário, o bicho pega! Não sei de todo o mundo, mas por aqui, pelo visto, o povo não é assim tão imbecil!

AVANTE BRASIL!!

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Mac'Asco (uma crônica sobre o McDonald's)


EU não como carne.

Ok, ok, sem hipocrisia. As vezes eu escorrego nuns camarõezinhos ou até mesmo num filé de peixe. Mas, daqueles bichos que nascem e vivem sobre a terra, não tem jeito. Acho que não merecem ser comidos e ponto. Sem mais.

Eu não nasci descarnívoro, é claro. Em nossa sociedade é assim. Portanto, mesmo não sendo lá muito fã, já frequentei o Mc'Donalds. Gostava de comer uns doze daqueles hambúrguers quando meu jovem metabolismo permitia que eu não me transmutasse em uma morsa ou coisa pior. Depois que entrei na faculdade, aprendi que o Mac era sinônimo de imperialismo e tal. Eu acreditava nisso, apesar de nunca entender porque a Pizza Hut não recebia a mesma ojeriza social, afinal, ela também se trata de uma multinacional ianque, que sub-remunera os seus funcionários e tal. Aliás, até a cor é a mesma. Mas, talvez por vender pizzas, o movimento punk (por aqui, sabidamente originado na terra das pizzas, São Paulo) preferiu voltar a sua ira para os hambúrguers, o que virou moda no início dos anos 1990 como sentido de uma espécie de contra-revolução adotada por outras bandeiras, ainda que sem nenhuma conotação vegetariana, diga-se de passagem.

Bem, dia desses eu saí de uma noitada junto com algumas pessoas que conheci naquela mesma noite. Em comum, pelo que fui percebendo, compartilhávamos apenas de uma fome descomunal. Aquela altura da manhã, alguém sugeriu que fossemos ao Mac 24h da Av. tal. Aquiesci sem pestanejar, intruso que eu era naquela situação. Chegamos a lanchonete e perguntei à atendente se eles vendiam alguma coisa de comer que não tivesse carne, já que as batatinhas não me apeteciam por conta do cheiro e da gordura borrachenta. Obviamente, primeiro tive que explicar que aves e peixes também faziam parte do reino animal. Assim, ela me sugeriu uma salada. Achei cara, mesmo assim a comprei e a desfrutei, o que, na verdade, só fez aumentar a minha fome. Voltei ao balcão, perguntei por alguma outra coisa. Sem sucesso. Perguntei se eles não podiam colocar um queijo, um tomate e um alface dentro de um pão, o que estaria de bom tamanho àquela altura. Sem sucesso, não estava no cardápio padronizado. Perguntei se ao menos eles vendiam MacBeer ou algo parecido, afinal, pão líquido também aplaca a fome às 5h da manhã. Sem sucesso. Aliás, desta vez a atendente se exaltou. Não a culpo. Trabalhar naquelas condições deve ser mesmo de se exasperar. Em resumo, fui convidado a me retirar do estabelecimento. Sem truculência, devo admitir. Uma pena. Se eu tivesse saído de lá aos safanões, ao menos teria motivo para reclamar, levantar a voz contra o imperialismo e tal. Não foi o caso.

Só tem uma coisa que eu não consigo relativizar: o cheiro. Que fedor insuportável de gordura, de podre ou o que seja. Curioso é que, no período em que eu ainda comia carne e frequentava esse lugar, eu jamais havia me importado com esse cheiro. Sequer o notava. Atualmente, atravesso a rua para não passar na frente dessas lanchonetes por conta do fedor. Acho que fiquei meio traumatizado.

Qual a moral dessa história? Não sei. Só sei que continuo preferindo pizzas.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Nova pegadinha do Lauro Trevisan


Volta-e-meia esses arautos que se aproveitam da credulidade alheia dão o seu ar da graça.

A última de um de seus expoentes mais picaretas foi a tentativa patética de auferir capitais econômicos e anímicos em cima de uma tragédia. Curto e grosso, tal é o resumo da nova obra de Lauro Trevisan, "Kiss - Uma porta para o céu".

Supostamente com o intuito de confortar as pessoas que estão sofrendo, além de reerguer o ânimo da cidade-palco da tragédia e de oferecer uma lição à humanidade, o libelo literário conseguiu, mais do que reinventar a estúpida idolatria que gira em torno de seu autor, despertar a ira de muitos familiares das vítimas da tragédia Kiss, em parte representados por sua associação, a AVTSM.

O outro lado da história, ou a patética entrevista tentando justificar o injustificável, pode ser lida no link:
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2013/04/mas-procurar-por-que-diz-padre-lauro-sobre-nao-falar-com-familiares-do-incendio-da-kiss-4102818.html

Não entendo muito bem o porque dos posts deste blog, sobre este que nada mais é do que um entre tantos outros proselitistas apedeutas que temos por aí, despertarem tanto a atenção e indignação de seus "seguidores". Cá entre nós, acreditem no que quiserem, mas não nos encham o saco com as suas asneiras. Nós temos o direito de zoar de vocês, e vocês, de ficarem ofendidos. Afinal, não é o próprio Lauro quem defende conceitos como "liberdade" e "liberalidade"? Ah, façam-me o favor...



quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Copa 2014: Números que machucam


Li, infelizmente sem surpresa ou incredulidade, a revisão atual dos custos para a Copa de 2014. Gostemos ou não, o assunto (dos gastos/ benefícios) será pauta pelos próximos 50 anos, no mínimo.

Lendo o relatório, descubro que seis obras originais foram excluídas, por não haver previsão que sejam concluídas até o Mundial. Alívio? Que nada! Outras oito foram incluídas, e com orçamento maior que as anteriores. Hoje nem tocarei no assunto das obras viárias e quetais. Ficarei no caso exemplar dos estádios.

A atualização do custo de alguns estádios assusta tanto que faz o Jason parecer personagem do Cartoon Network. Vejamos três casos.

Maracanã, R$ 808,4 milhões! Uma fortuna em dinheiro público que o país está oferecendo ao povo do Rio de Janeiro e aos seus clubes. Ok, faz parte, trata-se de um estádio público, símbolo de muitas coisas etc. Mas, se o mundo fosse justo, o libelo deveria ser bancado pela grana que compete ao Estado do Rio de Janeiro, sua população e recursos, tal é a verdade. Exagero? Dividir ônus é barbada, mas quando é para se dividir os bônus, como é que fica? Então, pergunte o que os fluminenses pensam sobre a divisão com o resto do país dos royalties do pré-sal. Pergunte quais são os argumentos do RJ e de seus deputados. Depois, pague faceiro a conta da "reforma" do Maraca!

Lulão, ou, Arena do Corinthians, R$ 820 milhões. Desde que esta maracutaia saiu do papel, ouço por aí um sem-número de explicações e mentiras que tentam confundir e afastar a opinião pública da verdade incontestável: um ex-presidente do país (então ainda manda-chuva mor) deu um jeito para levantar com muita grana pública, mas muita mesmo, um estádio privado para o clube que é torcedor! Ou não?

Estádio Nacional, ou Mané Garrincha, de Brasília, R$ 1,015 bilhão! Isto mesmo, BI-LHÃO! Grana inteiramente pública, para uma cidade que só sabe torcer para clubes do Rio e de São Paulo. O Gama e o Brasiliense, por exemplo, os dois clubes com alguma, ainda que mixórdia projeção, possuem estádios próprios. Quando avaliamos o orçamento, temos ali um descarado esquema de corrupção: o custo inicial era de já cabulosos R$ 812,5 milhões. Mas aí, recentemente, o GDF informou que o aumento se deu em função da inclusão de itens que foram licitados separadamente, como a cobertura, as cadeiras, o placar eletrônico e o gramado. Claro, alguém duvida que tais itens não teriam sido cotejados no orçamento básico de um estádio de futebol? Por favor, é de doer...

Nem estou falando de estádios diretamente fruto de oportunidades mil para os súcias de plantão, como o de Manaus, o de Cuiabá ou o de Natal. Poderia ser diferente? Não no Brasil. Vivo em um Estado que possui dois clubes grandes, ambos estão ocupados com seus novos estádios, frutos de financiamentos próprios e arranjos particulares com empreiteiras, com o custo de ambos sendo bem inferior aos elefantes que teremos por aí. Podemos até discutir esses acordos, contestar ou reclamar disso ou daquilo, mas estamos falando de  recursos próprios. Neste caso não se está desprovendo o Estado de grana para a saúde ou para a educação, por exemplo. E isto é de fazer pensar, pois sempre existem possibilidades fora do arranjo vil.

"Não entendo como um estádio no Brasil precisa custar R$ 500 milhões enquanto há exemplos de estádios construídos em outras partes do mundo com 40 ou 50 mil lugares que custaram menos da metade", afirmou, meses atrás, o auditor Amir Somoggi, da área de consultoria esportiva de uma empresa especializada.

Pois é fácil de entender: estamos no Brasil, na terra das oportunidades. Por aqui, o interesse privado subjaz o público, tudo se confunde, para o bem dos mais sagazes. Seguindo a lógica antropológica carioca de divisão do mundo, ou você é malandro, ou você é mané!

Eu sou mais um mané. E viva o Brasil.

sábado, 10 de novembro de 2012

Me Obama que eu gosto


Pois eis que finalmente o presidente pop-star se reelegeu! Tá todo mundo saudando a notícia... acho que, no fundo, por alívio!

Quando digo "o mundo", estou sendo literal. O planeta se caga de medo a cada eleição do império.

Um negro, democrata, com discurso menos belicoso... é, já é alguma coisa.

Mas não se enganem: Obama não é melhor, mas, diante de um cocô, é seguramente bem menos pior!

Que grande democracia essa que, apesar da pluralidade partidária, só manifesta eleitoralmente dois partidos, um de extrema-direita, outro de muita-direita, sem contar o confuso processo eleitoral que exclui o voto das minorias naquela falcatrua que é o modelo colegiado. "Maior democracia do mundo"... é realmente de doer o estômago.

Bem, teremos alguns anos de relativo alívio, isto se a crise econômica não apertar mais por lá. Do contrário, vai ser aquele "Deus-nos-Acuda" ou 'Salve-se quem puder" para quem estiver abaixo da Linha do Equador.

Eu posso até ser medíocre, mas não sou incoerente:

http://guerrilheirosdoplanalto.blogspot.com.br/2009/01/roupa-do-rei-de-roma.html

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Eu odeio propaganda

Na boa, eu odeio propaganda!

Tenho cá meus motivos, mas o que interessa é que as odeio.

A Internet, como não poderia deixar de ser, transformou-se num abismo sem fim de propagandas.

Toda página que você abre, elas estão por lá, a te espreitar.

CONSUMA, CONSUMA, te dizem toda hora, pra tudo, pra sempre!

Invadiram o espaço público, as mídias.. até no "revolucionário" youtube deram um jeito de enfiar anúncios goela abaixo.

Se você não concorda com essa política propagandista, NÃO ABRA ESSAS MERDAS, PULE OS ANÚNCIOS.. no caso do youtube, as empresas propagam conforme as visualizações até o final dos anúncios.. Sem demanda, não se cria a oferta!

Agora, a bosta da google co. (dona do youtube), enfiou goela abaixo propagandas nos blogs administrados por ela. Eu bem que deveria ter usado uma plataforma livre, mas, na verdade, lá nos anos de antigamente, não foi eu quem "abriu" este blog (foi o Escapista, que sumiu no mundo), e como o espaço está aí por um tempo, somado a preguiça nossa de cada dia, não vou mudá-lo de lugar.

Não consigo excluir as propagandas que aparecem aqui. A google não me dá esse direito. Ela diz: "a bola é minha, joga quem eu quiser, e do meu jeito. Te fode"!

Por favor, teço aqui um apelo aos guerrilheiros que nos visitam: BOICOTEM TODOS OS PRODUTOS OU EMPRESAS que aparecem neste blog. Por favor. Vos imploro!!!

quarta-feira, 11 de julho de 2012

A cassação de Demóstenes Torres e as perguntas que logo calarão

Neste exato momento o cara-de-pau do Demóstenes Torres (dizem sem partido, mas não se enganem, ele aplicou seu golpes pelo DEM-GO, um dos partidos políticos mais quadrilheiros do país) aplica a sua "defesa" no Senado contra a sua inevitável cassação. Eu não vou comentar sobre os fatos em si de mais esta apoteótica maldade que a política brasileira acomete sobre o nosso povo. Quero sim levantar algumas perguntas, coisas que realmente permanecerei sem compreender:

- Por que o Demóstenes não irá para a cadeia, independente do que ocorrer no julgamento?

- Por que ainda mantemos o voto secreto de nossos "representantes" do legislativo, no poder público?

- Como é possível que figuras como Collor e Calheiros serem alçados a "arautos éticos" do processo de cassação? Estarem por lá, votando a respeito do que quer que seja ou simplesmente andando desalgemados, já não se trata de uma afronta à história?

- Ouço pelo rádio que Demóstenes acaba de ser cassado. O suplente de Demóstenes, Wilder Pedro de Morais (DEM-GO), é um megaempresário do setor de construção civil e atual secretário de Infraestrutura do governo de Marconi Perillo (PSDB) do Goiás, além de ser ex-marido da atual mulher de Cachoeira. Pois é ele quem assumirá a sua vaga no Senado. Membro mais do que óbvio da quadrilha será o "nosso" novo senador. Como isso é possível?

- Por que a Revista Veja não foi enquadrada neste processo? Simplesmente ela "sumiu" do noticiário. Ficou por isso mesmo o seu descarado envolvimento?

- Por que a votação da cassação não foi realizada ontem, Dia Internacional da Pizza?

- Por que a máxima de que todo o povo merece os seus governantes não causa a reflexão necessária em tempos eleitorais?

- Por que você que lê este post não votará nulo a partir de agora?

- Por que logo logo essas e outras perguntas que julgo pertinentes cairão no vácuo absoluto do esquecimento e da ignorância?

- Quem é o verdadeiro chefão da quadrilha, que se delicia com todo esse circo?

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Paraguai, a culpa também é nossa


Neste exato momento o Congresso Nacional paraguaio está decidindo se destrona o presidente Fernando Lugo do poder. Eu preferi não esperar pelo desfecho, que deverá ocorrer nas próximas horas, porque acho que o destino de Lugo já está selado. Desde pelo menos 2009 a bancada ruralista no país tenta depor um presidente que, dentre outras coisas, acirrou o debate a favor da reforma agrária e contra os deputados latifundiários que sustentam o modelo oligárquico do país. Diga-se de passagem, deputados esses que não são poucos.

A gota d'água ao novo levante golpista (leia-se "desculpa mais atual") teria sido o resultado de uma ação da polícia contra camponeses que resultou na morte de sete policiais e oito manifestantes que culminaram no entendimento daquelas elites de que o presidente gerenciaria pifiamente o país, sendo que os números da economia nacional corroborariam a suposta má gestão. Mentira. Os números mostram sim razoável crescimento nos últimos anos na gestão de Lugo: o salário mínimo paraguaio, por exemplo, é maior do que o brasileiro numa conversão básica entre as moedas (cerca de R$ 660,00), algo admirável se compararmos o incomparável que é a economia dos dois países.

Aliás, acho que o Brasil possui uma terrível dívida história com o nosso vizinho guarani. Escrevi no outro post que os deuses adoram usar os mortais como marionetes para impetrar os seus desejos. Bueno, no século XIX, a deusa maior da terra respondia pelo nome de Grã-Bretanha. A deusa não gostou quando uma nação de indígenas educados não se curvou aos seus interesses comerciais na região e assim mobilizou os seus súditos locais contra tamanha afronta. Nós, juntamente com nossos co-irmãos do Prata, literalmente dizimamos o Paraguai num conflito que durou pouco mais de cinco anos, entre 1864-1870. Resultado: junto com nossos amigos e a contento da deusa, naquela ocasião roubamos 40% do então território paraguaio, dizimamos 97% da população economicamente ativa do país (na época, homens entre 13 e 70 anos) e ainda obrigamos os paraguaios a pagar-nos uma pesada indenização até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945. Deu no que deu, um país que carrega atualmente a imagem de viver de contrabandos e do plantio de maconha.

Está mais do que na hora dos brasileiros se interessarem mais por assuntos paraguaios que ultrapassem os produtos contrabandeados, a maconha ou os peitos da Larissa Riquelme.

PT, PP, PV, PSDB, PQP... Afinal de contas, qual a diferença?

Quando eu penso que nada em termos de política pode me surpreender, eis que sou obrigado a me render novamente à estupidez alheia e aos fatos. Engana-se, porém quem pensa que estou me referindo a aliança em São Paulo do PT com o Maluf. Estou me referindo à comoção da pseudo-esquerdália nacional com tal aliança, que em si, em nada me surpreende. Alguém discorda que para conquistar ou manter-se no poder é preciso vender a alma? Não a vende quem não o deseja. Não a vende criaturas que imaginam um mundo sem alguém que as governe, que aspiram um mundo realmente igualitário e fraterno. Eu suspeito até do vizinho que deseja ser síndico no meu prédio. Infelizmente, o atual modelo demanda que sejamos representados. Taí a história para nos falar sobre a estirpe daqueles que aspiram representar a outrem que não unica e exclusivamente a si próprio.

Blá, blá, blá... Participei dia desses de um colóquio sobre o tema do sistema político representativo e de sua falência absoluta, matriz modular que é da miséria e da exploração alheia. Sugeri algumas alternativas utópicas, igualitárias, anti-empoderamento, etc, enfim, ideias daquele tipo que me fazem respirar um pouco diante do pouco que sabemos que rola no mundo em geral e no Brasil em particular. Todos os participantes (no caso, esse colóquio se realizou na minha cozinha e contou com a participação de mim, do meu irmão e do meu cachorro) concordaram que as minhas ideias somente seriam possíveis de se realizarem no contexto de uma sociedade pós-apocalíptica, quer dizer, somente depois dos deuses passarem um default no mundo. Como eles adoram nos fazer de marionetes, quem sabe não nos inspirariam a deflagrar uma guerrinha nuclear, por exemplo? Assim, diante de tanto sofrimento e destruição, quem restasse poderia se organizar de forma diferente, etc.

Foi ai que o meu cachorro lembrou do filme "A Estrada", aquele estrelado pelo Aragorn do Senhor dos Anéis. Na história, num mundo pós-apocalíptico mesmo, onde todos os recursos naturais foram destruídos e nem plantas nascem mais, ao invés da humanidade restante se ajudar, existe grupos de "humanos" que caçam outras pessoas para delas se alimentar e sobreviver. Pois é.. nada mais havia para fazer além de encerrar o tal colóquio e ir para cama ter pesadelos.

Ah, quanto ao Maluf, já ia me esquecendo: talvez agora a Interpol saiba onde encontrá-lo. Aliás, ela poderia aproveitar a batida na sede do PT em SP e arrastar no camburão quem mais estiver por lá, tanto faz...

sábado, 16 de junho de 2012

A Copa no Chile e a Copa no Brasil: 50 anos de terremotos e desaprendizado


Hoje comemora-se 50 anos do bi-campeonato mundial brasileiro conquistado nas terras andinas chilenas. Como toda data comemorativa, ela nos convoca a refletir.

Em 1960, a apenas dois anos do evento - exatamente como vivemos hoje aqui no Brasil, já que a Copa terá início em junho de 2014 - o Chile foi devastado por um terremoto. Com recursos que nem se comparam as possibilidades atuais, o país lambeu as suas feridas e se reconstruiu a tempo de realizar a Copa com sucesso. Fosse hoje, além de não realizar a Copa, o Chile correria o risco até de ser expulso da ONU por conta do eventual fracasso!

Por que passados 50 anos ficou tão difícil e tão caro realizar uma Copa do Mundo? Por que a FIFA e os governos se afrescalharam tanto com o passar das décadas? O que mais deveria importar não seria ver a bola rolando e curtir a festa popular ao invés de se submeter prostituisticamente aos interesses da super-ética do capital? Por que temos piorado em tantos quesitos com o passar das décadas, dando ainda mais margem a maracutaia e ao desperdício? Os tempos mudaram, é claro, mas precisava ser para tão pior assim?

A Copa de 1986 deveria ter sido realizada na Colômbia. Poucas semanas depois de ser empossado, em agosto de 1982, o presidente colombiano Belisario Betancour peitou a Fifa ao declarar que: "aqui não se cumpriu com a regra de ouro em que a Copa deve servir à Colômbia e não a Colômbia à multinacional Fifa. Por essa razão, a Copa de 1986 não ocorrerá no nosso país. Nossas necessidades reais são outras. Não há tempo para atender às extravagâncias da Fifa e de seus sócios". O principal arranca-rabo na ocasião era por conta do número de estádios que a entidade exigia. A Fifa mostrou o seu poder (que é maior do que o de qualquer país ou da própria ONU) e aquela Copa parou no México, que a propósito, um ano antes também sofreria com um terrível terremoto. Por conta disso, a Copa acabou rolando no México com o número de estádios exigido, mas muitos deles com a capacidade inferior aos mínimos 40 mil lugares determinados pela Fifa que tiraram a Copa da Colômbia. Mas rolou.

Em 1962 vencemos os tchecos na final por 3X1, com xou de Garrincha e da Elza Soares e o resto virou história. A dois anos de nossa segunda Copa, também sofremos com os nossos terremotos, simbólicos, é verdade, mas tão trepidantes quanto o chileno de 1960 ou o mexicano de 1985. E pasmem, diante de nossa atual seleção e do cenário futebolístico internacional, parece que até dentro de campo temos desaprendido as coisas, este sim um terremoto sem precedentes na Escala Richter. Para o bem ou para o mau, é mesmo de chorar, velho Zagallo!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Santuário dos Pajés e a FUNAI: Para que serve o Estado mesmo?


Até quem não vive em Brasília deve ter escutado sobre o Santuário dos Pajés. Pra quem não conhece a história, o resumão é o seguinte: a especulação imobiliária em Brasília é uma festa, afinal, o lugar ainda trata-se de um ignóbil descampado onde vive muita gente que mama direitinho, desde servidores com as funções mais simples até os cargos comissionados DAS 102.6 e demais babalescos que se unem a gentalha geral e corrupta que habita o lugar (se o chapéu não te serviu, então nada de fazer beicinho). Não por acaso o tal do Paulo Occctávio é um dos principais donos da cidade: senador, vice-governador, evangélico, dono da maior construtora do lugar (mas não seria a Delta? nem sei mais), dono de canal de tv, casado com uma perua do clã Kubitiec, corrupto momentaneamente afastado dos cargos públicos, etc, etc..

Existe (ainda?) uma área verde "infelizmente" muito bem localizada dentro do desenho urbano da cidade. Enquanto a necessidade habitacional da região clama desde os tempos de Lúcio Costa por habitações para as classes populares, que estão depositadas em centros de erradicação de pobres pela grande Brasília (com estatuto de grandes bairros ou mesmo cidades), os canalhas de plantão decidiram desmatar toda uma área riquíssima ambientalmente para criar um luxuoso bairro para outros canalhas e suas famíliaS, o tal do Setor Noroeste.

Acontece que existe uma ocupação indígena no lugar, e ao contrário daquilo que os canalhas e seus braços de poder estatais apregoam, o Santuário dos Pajés não se trata de uma invenção recente ou o que seja. Muita água já correu por esse rio nos últimos anos, desde quando os tratores começaram a derrubar tudo e as forças coercitivas começaram a intimidar os indígenas e seus apoiadores das formas mais torpes e covardes que se possa imaginar. O governo do Arruda-de-má-sorte/ Paulo Occcctávio conseguiu na cara dura e força bruta mesmo, durante a sua permanência na mina de our, digo, GDF, desmatar 900 hectares do lugar para a construção de um "bairro ecológico" com um dos metros quadrados mais caros do país!!! Perae que eu preciso limpar o meu vômito... ... ... ... Ok. Se você também gosta de sentir indigestão, uma pesquisinha rápida no google pode ilustrar com mais e mais e mais detalhes essa mixórdia criminosa.

Eu já sabia que o GDF e a Terracap (OBVIAMENTE), junto com o IBAMA e com o IBRAM haviam descumprido descaradamente a lei de licença ambiental (item 2.35) que prevê análise de qualquer intervenção dessa natureza (desculpem-me pelo termo) a partir do resultado de Laudo antropológico que indicaria o tamanho real do território indígena a ser preservado. O Laudo saiu, OBVIAMENTE com uma metragem (50 Hec) que é infinitamente inferior ao reclamado pelos indígenas, que a rigor ficariam em uma espécie de parquinho devidamente cercados pelo concreto do tal bairro ecológico. Não obstante, as construtoras inclusive têm realizado pré-vendas de apês a serem localizados exatamente sobre a área do parquinho, porque, evidentemente, sabem que a retirada dos indígenas e o desmatamento sumário do local é apenas uma questão de tempo e, como sabemos, tempo é dinheiro, então, melhor adiantar a corretagem de todo o lugar.

A demarcação do Santuário é parte do processo administrativo da FUNAI nr. 1.607 que corre desde 1996. Volto a esse tema agora porque li estarrecido que os técnicos responsáveis pelo laudo informaram que o tal processo 1.607 simplesmente DESAPARECEU dentro da própria fundação indigenista do país!!! DESAPARECEU!!! SUMIU!!! MANDRAKEOU-SE!!!

O post está ficando muito grande e sei que muitos tem preguiça de ler muito na Internet, esta que é dotada de sua lógica imediatista e alienante como o padrão twitter de qualidade. Então encerrarei por hora esse tema com o seguinte apelo/ campanha:

POR UMA COMISSÃO DE LIDERANÇAS INDÍGENAS DE TODO O PAÍS PARA A PRESIDÊNCIA E O ALTO CLERO DA FUNAI URGENTE!!!

segunda-feira, 30 de abril de 2012

A escravidão que vem da riqueza ou de sua busca

"Aqueles que afirmam o mais puro direito, e são, conseqüentemente, mais perigosos  para um Estado corrupto, normalmente não passaram muito tempo a acumular propriedades. A esses o Estado presta, comparativamente, pouco serviço, e um pequeno imposto costuma ser visto como exorbitante, particularmente se são obrigados a ganhá-lo com suas próprias mãos.

Se houvesse alguém que pudesse viver inteiramente sem o uso do dinheiro, o próprio Estado hesitaria em exigir-lhe pagamento. Mas o homem rico - sem querer fazer nenhuma comparação invejosa - está sempre vendido à instituição que o faz rico. Falando em termos absolutos, quanto mais dinheiro, menos virtude, pois o dinheiro se interpõe entre um homem e seus objetivos, e os obtém para ele, e certamente não há grande virtude em fazê-lo. O dinheiro abafa muitas questões que, de outro modo, este homem seria levado a responder, ao mesmo tempo em que a única nova questão que propõe é a difícil, embora supérflua, questão de saber como gastá-lo.

Assim, seu fundamento moral lhe é retirado de sob os pés. As oportunidades de viver diminuem na proporção em que aumenta o que se chama de 'meios'. O melhor que um homem pode fazer por sua cultura, quando enriquece, é tentar pôr em prática os planos que concebeu quando pobre".

Thoreau escreveu isso em 1849. A única coisa que eu gostaria de saber é o que resta àqueles que já nasceram ricos. Aos demais, a massa, aos que nasceram pobres e assim permanecerão até morrer, conta-nos a História, há pouca ou nenhuma esperança.

Com efeito, o populacho não quer saber de depor o rei, pois ele simboliza o lugar porvir que nunca virá, aquele que alimenta o sonho do populacho, mesmo que ele morra sonhando esse sonho como costuma acontecer, anestesiando-se nas novelas do Manoel Carlos com o luxo burguês da zona sul carioca que projeta para si, mas que jamais em sua vida experienciará disso algo além do que os serviços que a cozinha, a área de limpeza ou os banheiros lhe oferecem. Das estantes apinadas de livros limpar-se-á o pó, e só.

Mas ninguém quer saber de depor o rei e queimar o trono para sempre. No máximo, sonha-se em ser tão déspota quanto ele, tão "notório" ao ponto de precisar de um segurança a tiracolo até na hora de ir cagar.

Brizola Neto, 33 anos, novo Ministro do Trabalho

Não consigo entender: eu tenho 33 anos e ainda acho que não sei nada da vida. Como pode um moleque desses ser alçado ao cargo de ministro do trabalho? Como eu disse, eu não sei de nada, mas posso supor.

O PDT está na base governista. Estar na base do governo significa conferir-lhe poder dentro do sistemão, prostituindo alguma pasta ou secretaria do poder executivo, por exemplo. É um dos caminhos mais fáceis. Como o trabalhismo sempre foi a principal bandeira do PDT, a obviedade entregou o Ministério do Trabalho a este partido que sobrevive em cima do mito de um lunático e senil falecido em 2004, que quase fez Porto Alegre desaparecer do mapa em 1961 com a campanha da legalidade. Ação heróica? Até pode ser, mas como os porta-aviões do tio san desistiram no meio do caminho de bombardear a cidade onde meus pais e eu nascemos e vivemos, eu estou aqui pra escrever esse post. Detalhe: a rigor a campanha da legalidade assegurava a manutenção do seu cunhado no poder e a rigor também, pouco adiantou, porque menos de três anos depois os milicos tomaram tudo de assalto e ficou por assim mesmo até 1984! O que valeu a pena mesmo, mostra a História hoje, foi ter perpetuado esse clã no poder. Mais um deles...

Esse moleque, como eu também sou, trata-se de mais um deputadozinho que dá prosseguimento aos clãs familiares na política (suplente, pois não se elegeu em 2010, entrando na vaga de outro picareta qualquer). Foi escolhido a dedo por Carlos Lupi, presidente nacional do PDT e ex-ministro do trabalho que pedira demissão em dezembro passado após uma sequência de denúncias envolvendo o MT. Na hora de escolher um substituto o que a nossa presidenta faz? Reúne-se com o próprio Lupi-corrupto que indicou o rapaz (!!!), aliás, que em seu blog confessa que, aos 16 anos, começou a "trabalhar" como secretário do avô no governo do RJ!

Ou Brizola Neto trata-se de um dos políticos mais precoces e brilhantes da história da nossa república ou, graças ao vovôzete, começou a mamar na tetinha bem cedinho.

Mas o que mais me incomoda é o sobrenome. A reprodutividade. Isto é phoda de engolir!

* A foto** é de quando o político venceu o campeonato de surf Osklen Surfing Arpoador Clássico, categoria Open, em agosto de 2011, o que também mostra a sua precocidade, já que durante a adolescência ele não podia surfar e treinar, pois tinha que cumprir expediente no gabinete do avô.
** Parece que essa foto é a do irmão ou o que seja, mas como é do mesmo clã brizolístico, tanto faz. Daqui a pouco esse daí que é vereador no RJ vira ministro do esporte ou coisa parecida, então, já fica com o nariz de palhaço desde já!

quinta-feira, 26 de abril de 2012

O início do fim das florestas

Reproduzindo o texto disponível na página do Greenpeace sobre o último post:

"Ontem (25/04) a Câmara dos Deputados mostrou o que quer: o fim das florestas no Brasil. Por 274 votos a 184, com duas abstenções, foi aprovada hoje a proposta que desfigura o Código Florestal, escrita pelo deputado ruralista Paulo Piau (PMDB-MG) sobre o texto aprovado pelo Senado, segue agora para sanção da presidente, Dilma Rousseff. Se ela não se mexer, e vetar o texto, esse futuro será seu legado.
O texto aprovado dá anistia total e irrestrita a quem desmatou demais – mesmo aqueles que deveriam e têm capacidade de recuperar matas ao longo de rios, por exemplo – e ainda dá brecha para que mais desmatamentos ocorram no país. Ele é resultado de um processo que alijou a sociedade, e vai contra o que o próprio governo desejava. Com isso, avanços ambientais conquistados ao longo de décadas foram por água abaixo”.

Água abaixo deveria ir o agrobusiness. Um salve à agricultura tradicional e familiar. Outro para as fontes alternativas de energia. Que os ruralistas malévolos e toda a sua corja queimem junto com as florestas que insistem em dizimar!

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Código Florestal em uma palavra: NÃO!

A nefasta reedição do Código Florestal Brasileiro que está sendo enfiada goela abaixo da gente somente não saiu de pauta ainda porque, dentre outras coisas, a opinião pública ainda não se calou. Se aprovado, cairá no esquecimento da mesma com o tempo e com isso sairá da pauta comum. As coisas são assim. Eu mesmo já perdi as contas de quantas petições online contra o mesmo eu já assinei, de quantas notícias que o rechaçam já li e compartilhei, de quantas discussões e manifestações virtuais e materiais já presenciei. Com a questão Belo Monte a medida não é diferente. Para dizer o mínimo, minha sensação diante de tudo isso é de absoluta incredulidade. Sofro de uma tristeza e de uma revolta aguda sempre que escuto esses dois nomes: Código Florestal e Belo Monte. Sinto vergonha por também ser um ser humano.

Hoje, às 11h, mais um capítulo desta triste novela chamada Código Florestal entrará no ar, quando o Congresso retomará a análise da reforma ambiental. Anotem esse nome: Paulo Piau (PMDB-MG), enviado das trevas e relator do processo, que se mostrou irredutível a qualquer alteração em seu relatório pernicioso sobre o Código, em questões tais como a de incluir no texto a proibição de anistia a desmatadores, por exemplo. O Código Florestal é criminoso. Isto deve explicar a escolha para sua relatoria deste deputado que recebeu de grandes produtores rurais 990 mil reais em doações para a sua campanha, 47% do total declarado. Deve ter sido mais, mas o único número preciso nessa conta é o da ética: Zero! O negócio é na cara-dura mesmo. Noticiaram que a base deverá pedir a cabeça dele, mas será que isso resolve alguma coisa?

A bancada ruralista é tida como a de maior força política dentro do Congresso brasileiro desde que ele foi criado. Eu diria que essa é a maior força política daqui desde a época colonial. Aí está um inimigo difícil, a luta é árdua mesmo, por isso é preciso não soçobrar, não se calar, não desistir. Essa questão só tem um partido, o de Gaia, da Mãe Terra. Infelizmente são partidos de outra natureza aqueles que têm o poder de decidir por Ela. Como deixamos isso acontecer?

terça-feira, 24 de abril de 2012

Cine-Guerrilha: Capitães da Areia


Essa parece ser uma eterna discussão, mas acho que obras literárias com estatuto de "eternas" merecem sim adaptações para outros estilos, especialmente para o cinema. Esta é uma maneira eficiente de difundi-la ao grande público brasileiro que infelizmente - e estatisticamente, pouco lê. Naturalmente, tratando-se de outra mídia, como o cinema, libelos literários estarão sempre à mercê de reducionismos e interpretações nem sempre adequadas advindas da própria diferença de linguagem, dos roteiros, das edições, ritmos de narrativa, atuações, etc, etc.

"Capitães de Areia", publicado por Jorge Amado pouco após a implantação do Estado Novo, em 1937, tratava-se de uma obra libertária, que teve centenas de exemplares queimados pelo governo em praça pública de Salvador. Alegaram que a obra se tratava de propaganda comunista explícita, o que era verdade. Contudo, o que talvez tenha incomodado mais os facínoras censores da época foi ter de encarar o contraste magistralmente realista retratado no livro entre o projetão de modernização do Estado e a vida miserável que assolava as grandes cidades brasileiras,  a pobreza da vida e a riqueza das almas que emergem dos cenários mais caóticos como a dos meninos de rua da Salvador da década de 1930. No livro, a comuna de guris abandonados e desobedientes civis é enredada em diversas histórias onde a trupe de personagens apaixonantes representam cada qual jovens estereótipos de futuros adultos frutos desta época confusa da história do país: o revolucionário, o gigolô, o malandro, o cangaceiro, o mártir, o doente, o artista, o inconformado.

Na adaptação para o cinema que estreou no final de 2011, a neta de Amado resolveu homenagear o centenário de nascimento do avô dirigindo esta adaptação para o cinema. É evidente que eu gostaria de ver a questão social e a luta de classes que o livro mostra através do idealismo de Pedro Bala, o jovem líder dos capitães da areia, aparecer com mais força na película, e inclusive nos olhos do ator que o interpreta, o que é justo em se tratando da proposta de formação do elenco com atores amadores escolhidos a dedo de comunidades carentes, onde ao se ganhar uma fidedignidade estereotipada maior dos personagens (malgrado Bala não ser loiro no filme como retratado no livro, talvez propositalmente para reforçar os mencionados estereótipos) pode se perder e muito em dramaticidade interpretativa. Por outro lado, o amor e o respeito existente entre Dora, Bala e Professor é tratado de forma sensível ao que senti lendo o livro.

Paixões e desejos pessoais à parte, não vou me alongar porque já escrevi que acho as adaptações de grandes livros para o cinema sempre válidas, exceto quando avacalham geral com a história, o que não é o caso aqui. O negócio é que talvez exista uma ou duas mentes jovens plugadas - portanto, representantes típicas dessa pós-modernidade chapante e alienante, que ao verem o filme desejem ler o livro. Isto por si só faria valer a pena a existência dessa adaptação dirigida por Amado, mesmo que pouco politizada se comparada com uma história que chegou a ser digna da fogueira inquisitorial em 1937. Despolitização talvez de desejo do próprio avô quando, ainda em vida e claramente senil, distanciou-se do comunismo e do modelo libertário que tanto influenciaram o conjunto de sua obra para flertar com o também já finado Coronel ACM.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

A imagem da Copa de 2014 hoje

Estádios e demais elefantes brancos em ritmo lento? Obras viárias e urbanas que ainda nem saíram do papel? Superfaturamentos horripilantes? Briguinha ególatra entre FIFA e Governo? Mano Menezes? Que nada...

Para mim esta é a imagem que melhor representa a Copa de 2014 neste momento cosmológico da realidade: um inexorável malandro como o sedimento ético do processo e o seu maior bem-feitor, doente.

Ainda bem que o nosso escrete vai de vento em popa...

Dicionário de Guerrilha: "liberdade"

"Fica proibido o uso da palavra liberdade, a qual será suprimida dos dicionários e do pântano enganoso das bocas. A partir deste instante liberdade será algo vivo e transparente como um fogo ou um rio, ou como a semente do trigo, e a sua morada será sempre o coração do homem", Thiago de Mello, Estatutos do Homem.

Reminiscências de 1º de Abril

O MPF tenta, a Comissão da Verdade tenta, mas é difícil enquadrar esses milicos genocidas de nosso passado recente que inclusive já estão desfrutando de suas pompudas aposentadorias pagas pelo povo a quem tanto dano causaram, quando o próprio Estado permanece lhes protegendo, como no caso do STF. Cada vez mais concordo com a máxima de Derrida de que "lei não é sinônimo de justiça". E ainda por cima batizam rios, pontes e overdrives, ruas, escolas e repartições com os seus nomes, quando mais deveriam batizar cemitérios, latrinas e bueiros de esgoto.

Literatura de Guerrilha (Para ler nas trincheiras)


Tenho lido mais do que escrito nestes últimos tempos, ausentando-me conscientemente dos assuntos ordinários do mundo. Desta forma, aproveito o momento para indicar-lhes (e assim espero estar divulgando a obra) os livros do escritor brasiliense Ezio Flavio Bazzo. Em algum momento anterior postei uma passagem de um de seus livros.


Trata-se de uma literatura autônoma, que expressa justamente aquilo que a humanidade tem de mais valioso e de mais censurado e contido, difícil de expressar: o pensamento autônomo. Aí reside o valor maior de sua obra, em torno de uns 20 livros e ensaios publicados.

Pensei em falar sobre isso, pois encontrei o autor casualmente na rua numa tarde dessas qualquer. Desde que me mudei - saí e retornei - para a Babilônia do Cerrado, conheci seus livros publicados artesanalmente por acaso, na mesa de um boteco que não lembro mais o nome. Aliás, a melhor maneira de encontrar estes e outros trabalhos é com o ilustre vendedor de livros Faraó, que atende (circula) ocasionalmente pelos bares noturnos de Brasília, especialmente na Asa Norte. Tem algumas coisas na Livraria Cultura, mas somente a obra mais recente ou reedições sob o julgo inevitável do mercado editorial que fazem perder um pouco a consagração de relíquia que possuem as obras originais, editadas pelo próprio autor sob a "tutela" de editoras fictícias sensacionais. Você que está em Brasília evite a Livraria Cultura. Fale com o Faraó, que possui o acervo completo. Esse seria um excelente ante-passo para iniciar-se na obra de Ezio.



Divulgue. Propague. Comente a literatura e quaisquer outras manifestações de conteúdo libertário. Um livro de 20 reais é melhor presente do que um pacote de cuecas. O primeiro pode libertar. As cuecas, por sua parte, foram criadas justamente para fazer o oposto.

O Eterno Retorno

Pessoas,

faz mais de um ano desde a última vez que nos dirigimos a vocês em tom de despedida de funeral, daquele tipo que deveria durar para sempre. De minha parte, se de lá para cá estive sem tempo para escrever num blog, hoje estou sem desculpas*.

Volta-e-meia entro aqui e vejo que temos um fluxo razoável de interessadxs, inclusive alguns tecendo comentários que são todos sempre muito bem-recebidos, mesmo os mais ofensivos ou ameaçadores. Saibam que na pior das hipóteses eles estão servindo para afagar ou ampliar consciências, o que por si só autorizaria a sua publicidade. Aliás, moderamos aos mesmos justamente por causa dos spans publicitários e demônios similares.

Na verdade, eu estou cagando pra qualquer tipo de polêmica. Escrevo para desabafar. Vocês tem um mar de possibilidades virtuais a um clique do dedo, não precisam ler este blog. Quem se importar muito com alguma coisa escrita aqui ou com qualquer outra merda que abra o seu próprio blog para difundir a sua ideia e/ou terapeutizar-se, como eu faço. É de graça e tem várias opções no google.

Trato desse assunto, confesso, especialmente em respeito aos que nos odeiam, porque voltarei a escrever por aqui. Aos que já gostavam dos Guerrilheiros, sei que a eles não preciso justificar coisa nenhuma, porque eles também estão cagando para isso.

Éramos dois a escrever. Eu seguirei daqui. Espero que o Escapista reestimule-se. De vez em quando eu prenderei o grito da trincheira, caminharei pelos batuques.

Abraços,
Sniper

* não que a minha percepção de desperdício de vida tenha mudado com relação ao tempo que perdemos trabalhando em coisas que nos iludem a acreditar que precisamos realmente fazer, pois que nos integrarão a contento (mas nunca plenamente) numa sociedade nacional como ela idealmente se pretende: capitalista, branca, heterossexual, monoteísta, bem-sucedida material e familiarmente, etc, etc, e como se de fato seja este o modelo de cruzada edenista terráquea a se perseguir.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Boa viagem

Um salve a vocês que ainda nos encontram nesse infinito virtual. Vim prestar-lhes contas. Tanto eu quanto Escapista temos nos dedicado a outros projetos, especialmente ao de sobreviver através de penosos e fustigantes labores e de pequenos prazeres burgueses que sugam nosso tempo e nos desviam da salutar prática da livre-escrita e do livre-pensar, blogueamente falando, é claro.

Ao reler o blog em uma madrugada solitária qualquer foi como viajar a outra vida de minha própria vida e do próprio Planeta Terra. Não que de lá para cá tenha melhorado muita merda para ambos, mas, certamente, e malgrado o que for, foi uma boa viagem. E ela está aí para ser contada, pilhada, escrachada, escancarada e todos os adas que se possa imaginar.

Contudo, isso não se trata de um adeus definitivo, para gosto e desgosto de alguns que ainda se importam, se irritam ou se divertem ao ler essas relíquias arqueológicas sobre a nossa sociedade e insanidade. Saibam que ainda estamos por aí, trilhando nossos caminhos, mas atentos a tudo e a todos (e moderando os comentários de vez em quando).

Já se faz a hora. Isso me fez lembrar de uma frase da encantada Cecília Meireles:

"Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda".

Boa viagem pelas trincheiras dos Guerrilheiros do Planalto.

À nossa liberdade,

Sniper

segunda-feira, 8 de março de 2010

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

DF, outra vergonha nacional


Hoje, no portal da UnB:

"Quatrocentos policiais militares entraram em confronto com estudantes da Universidade de Brasília que pediam ética na política. A cavalaria da PM cercou e agrediu os manifestantes, jogou bombas de efeito moral e balas de borracha. Cerca de 2,2 mil pessoas participaram do protesto.

Durante o conflito, vários jovens foram presos e ficaram feridos. Um deles, identificado apenas como José, ex-aluno da UnB, ficou desaparecido por cerca de três horas. 'Nem mesmo o comandante da PM soube nos informar para onde ele foi levado', conta Raul Cardoso, um dos coordenadores do DCE da UnB. O rapaz chegou por volta das 16h30 na 5ª Delegacia de Polícia, no Setor Bancário Norte.

Os cerca de 30 estudantes que estão na DP informaram que José teria sido agredido pessoalmente pelo comandante do Policiamento Regional Metropolitano, coronel Silva Filho. O policial esteve na delegacia para prestar esclerecimentos e saiu vaiado pelos estudantes."

Não satisfeitos em nos estuprar moralmente, os corruptos fazem uso da covarde força coercitiva do Estado para reprimir nossa inquietação social, nosso grito de vergonha. O resultado consegue ser mais revoltante que a própria corrupção e seus agentes demoníacos. Que democracia é essa? Como é possível a sociedade se calar diante de afronta tão atroz?

Somos governados por reis? Por coronéis? Por ditadores? Pelo quê?

A mídia comprada tentará justificar a repressão, apresentando um ou outro caso de "comportamento inadequado dos manifestantes". NÃO ACREDITE! NÃO SE CALE! NÃO ACEITE TAMANHO RETROCESSO!

Brasiliense ou não, brasileiro ou não, se você está cagando e andando para estes acontecimentos, você estará corroborando para que amanhã ou depois estejam em xeque OS SEUS PRÓPRIOS DIREITOS DEMOCRÁTICOS.

Cada vez menos consigo defender uma Revolução Pacífica. Se eles querem guerra, nós também somos guerrilheiros.

AÇÃO CIVIL JÁ!

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Arruda de má sorte (ou, "Carta aos Corruptos, Sádicos Genocidas")


A lógica não é complicada. Seja o mais ganancioso que puder. Enriqueça a qualquer custou. Minta. Jure pelas filhas, se preciso. Dispense "assessores". Inchai com as próprias mãos os bolsos do paletó desprovidos de vergonha. Não importa. Nada é suficiente. Serás sempre absolvido... por Deus inclusive! Aliás, tudo que você tem, ganhou Dele, não é mesmo? Teu Deus te beatifica.


Passarás impune, esta é a Justiça que te reserva a nossa apatia e a sociedade que os da tua laia elaboraram por aqui: desleal; desumana; revoltante. A lei ordinária não foi feita para pessoas tão "importantes e especiais". Minta mais. A ardilosidade é regra. Volte. Amplie sua ganância. Renove o círculo. Que sua impunidade sirva de exemplo aos que virão, sempre aliados de uma causa comum: foder com o outro, de preferência se este outro for pobre. Ralé menor (in)dispensável.


Não existem obstáculos, apenas contratempos. Se para as próximas eleições estiver complicado, relaxe. Tem outra, e outra. Nada que te faça esperar mais do que quatro anos sentado em vosso trono de mármore.


O tempo é inimigo da lembrança. A estupidez é amiga da hipocrisia.


Mais uma, menos uma... Não faz diferença! A classe média conivente há de te reeleger. Não agora. Diante de humilhação tão escrachada, para ela será sempre cool mudar de voto. Mas ela se sente representada pela pior espécie de gente (quem mais haveria de lhe representar?). Ademais, quatro anos passam rápido. Quando se há de gozar mais plenamente das benécies adquiridas mediante caráter tão vil? É sempre bemvinda umas férias...
A imprensa já está na folha de pagamento, antes mesmo da tua gestão. Não se preocupe, mesmo porque em breve quase ninguém mais irá se preocupar. E o que é melhor: os recursos adquiridos são inalienáveis. Como o direito à propriedade, dinheiro público roubado é propriedade do corruptor. Conforme o jargão da malandragem: Perdeu, imbecis! Mesmo que seja a própria vida!


Roubar dinheiro público é genocídio. É privar o alcance do Estado aos necessitados. É privar acesso. Inclusão. Educação. Pão. Saúde. Vida.


Vocês, corruptos, são assassinos em série. São Genocidas Sádicos! Psicopatas sociais da pior natureza, pois ainda se vestem sem sombra de pudor com as roupas do bom-caratismo e da caridade ao próximo, ludibriando sem perdão a todos, especialmente aqueles de quem mais irão usurpar. Aqueles que mais irão sofrer a consequência dos teus atos criminosos, recorrentes e imperdoáveis.


Enfiem os panetones e as desculpas no cú até explodi-lo.


Enquanto isso, tramita uma lei em nosso legislativo que proíbe a candidatura de criminosos. Patético: ela jamais será aprovada pela categoria. Ninguém quer dar um tiro no próprio pé.

Vocês são sádicos. Nós, imbecis.


Estou torcendo pela ruína absoluta de sua espécie. Amaldiçoo o ar que vocês respiram. Demônios da pior natureza, voltem para o Inferno!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

"Pelo Amor de Pelé"


Há exatos 40 anos, lá pelas 23:11h, a coroação definitiva: Pelé marcava o seu milésimo gol.

O negrinho brasileiro de infância pobre e de futuro incerto logo cedo, ainda nos anos da adolescência, conquistaria o mundo, provocando inveja à memória do mais megalomaníaco dos imperadores romanos ou dos papas católicos.

Ao comemorar o feito, soerguido nos ombros de algum jornalista-torcedor qualquer, após dedicar o gol às criancinhas, clamou aos seus súditos terráqueos em tom messiânico: "vamos ajudar todo mundo, pelo amor de Deus"!

Pensei que o racismo no Brasil acabaria naquela noite.

Talvez fosse melhor se o Rei tivesse apelado ao Pelé.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

O BOBO DA CORTE II




Suplicy continua o mesmo. Desta fez o nariz de palhaço torna-se dispensável tamanha a patetice.

A novidade agora é que ele virou assitente de palco de programa de auditório. Neste novo emprego, ele obedece ordens da Sabrina Sato, seja pra dar cartão vermelho para o Sarney (que seria uma ótima idéia se ele não fosse somente um títere obediente do programa humorístico) ou para vestir uma sunga vermelha.

Mais do mesmo


Avião da FAB é encontrado por índios na Amazônia com nove sobreviventes

Tal qual o Voo 1907 da Gol, quem precisa de radar funcionando?!! Os índios localizam os aviões pra gente...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Cine-Guerrilha: Distrito 9


Distrito 9 é um filme que, acredito, dará o que falar. Se não der, deveria! A ficção científica que retrata a segregação em solo sul-africano de aliens que se viram perdidos em nosso Planeta é inquietante e reveladoramente realista. Os aliens, conhecidos pejorativamente por "camarões", e mais parecidos com baratas que chafurdam nos lixões da favela, causam a mesma piedade em nós humanos que sua "semelhante" terráquea. A medida que a trama se desenrola e a "humanização" dos camarões descortina as metáforas contidas na história, o gênero da ficção científica conseguiu se reatualizar, revelando uma sociologia do absurdo pra lá de "humana".


A estética que banaliza a violência importada da mídia dos video-games a qual o diretor (Neill Blomkamp) conhece bem do (violentíssimo) jogo Halo, não chega a comprometer um filme que, malgrado seu teor "político" que repercute as reflexões de um diretor sul-africano da elite branca sobre a sua própria realidade ainda deveras segregadora (quase um mea culpa, por assim dizer), jamais poderá ser retirado da prateleira de blockbusters, com suas explosões e incoerências narrativas peculiares.


Inquietações como a possibilidade de submissão de criaturas tão inteligentes e com acesso a armas mais potentes dos que as de seus dominadores (os "humanos brancos" e os "quase-humanos nigerianos") acabam ofuscadas diante de sua precisão técnica, esta impecável dentro de sua proposta "documental" importada do léxico publicitário, também caro ao diretor deste filme e de campanhas como a dos "transformes" da Citroën. Neste mundo ditado pelo ritmo e pelas equações do mercado, o mérito do filme pode acabar sendo injustamente mensurado pelo seu custo de produção (30 milhões de verdinhas), algo realmente notável pelo resultado que mesmo o telespectador mais alheio ao gênero pode admirar. Mas há mais a se notar neste "blockbuster" diferente, de conteúdo profundo que tem muito a nos dizer sobre a natureza humana e os limites imensuráveis de sua insensatez.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Ensino religioso no Brasil (ou, "Adulto que serve foi criança doutrinada?")

Mais de um ano se passou, e eu já alertava contra o projeto de dominação ideológica promovido pelo Estado em suas instituições de ensino no DF*. Agora, as atenções se voltaram para o âmbito nacional. Tudo porque a nova investida dos eternos setores conservadores que dominam nossa política desde a "invenção" do país foi a assinatura do Acordo entre Brasil e Santa-Sé que traz em seu conteúdo a oficialização do ensino religioso nas escolas brasileiras, fato que claramente é uma violação de nosso Estado laico, apartado da religião.

O Vaticano pronunciou que o ensino religioso, conforme o acordo assinado, não pode ser comparativo ou neutro, ou seja, não deve se limitar a um estudo cultural de diversas religiões, mas sim ser confessional.

Além da laicidade do Estado brasileiro, garantido desde a Constituição de 1891, a Lei de Diretrizes e Bases 9.394, em vigor desde dezembro de 1996, assim como seu complemento, Lei 9.475 de julho de 1997, garantem que o conteúdo do ensino religioso público deve ser pluralmente constituído pelas diferentes denominações religiosas, malgrado os casos em que exista a preferência do aluno ou de seu tutor legal por tal ou qual doutrina.

A prática evidenciou a ingenuidade da lei. Segmentos políticos religiosos, notorialmente do campo evangélico, mais bem posicionados dentro das estruturas de poder, valeram-se dela a fim de usufruir desses espaços públicos de ensino para propagar o seu proselitismo. Também se tornou evidente a perseguição religiosa e cultural deste proselitismo, o que forçou a adição de parágrafos em seu texto (Lei 10.639, janeiro de 2003) que obrigaram o ensino público, preferencialmente nas disciplinas de Educação Artística, Literatura e História Brasileira, a incluir em seus programas conteúdos referentes à História e Cultura Afro-Brasileira.

A guerra santa à brasileira vive nesta última década os primeiros anos de um novo capítulo. Se antes o discurso belicoso de algumas religiões evangélicas se voltava aos grupos afro-religiosos, ele tem se redirecionado ao campo católico, principal antagonista pela busca do poder e da influência legitimada em nosso Estado. O ensino religioso público, portanto, é estratégico em projetos de doutrinamento pela sua capacidade de construção de parte dos nossos valores subjetivos e cidadãos. A criança educada sob bases proselitistas, cristãs ou não, resultará no adulto acrítico, iludido a acreditar que possui liberdade de pensamento sem a plena liberdade de informação a qual estamos acostumados. Bem ao gosto daqueles que, de geração em geração, esforçam-se tenazmente para "manter as coisas em seu devido lugar".

No site do Senado Federal (http://www.senado.gov.br/agencia/) no canto direito da tela, realiza-se a enquete: Você é favorável ao ensino religioso facultativo nas escolas públicas? Setores católicos estão fazendo campanha para que se vote na mesma, pois o resultado dela poderá influenciar na votação do Acordo ao qual me referi antes, que aguarda para ser ratificado pelo Senado. No momento, os conservadores estão conseguindo um resultado favorável ao ensino religioso facultativo nas escolas públicas, com mais de 70% de aprovação.

Nós podemos contribuir para baixar este índice.

Entre lá e diga não a este engodo que não fere somente o Artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos, mas também compromete nosso ideal libertário e de autonomia das consciências, mais importante do que qualquer léxico elaborado por toda a sorte de fascínoras.

* http://guerrilheirosdoplanalto.blogspot.com/2008/07/situao-de-crise-ensino-religioso-ser.html

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Obituário: Michael Jackson


Nasceu preto, morreu branco e vai virar cinza!

O mundo perdeu seu mais ilustre lunático.

domingo, 17 de maio de 2009

Sabedoria do Casseta


"Assim como a poliomelite e a tuberculose, a humanidade irá vencer o politicamente correto"
Marcelo Madureira em bate-papo com Zé do Caixão

terça-feira, 12 de maio de 2009

No Maranhão, é assim


José, o coronel, ditador e patriarca do clã Sarney não viverá para sempre. Dercy Gonçalves, recentemente, já nos provou que a imortalidade humana não passa de lenda mesmo. Se você é estudante e por acaso está lendo este post, esqueça tudo o que aprendeu sobre o Maranhão. Provavelmente é mentira. Provavelmente também, assim que o nosso presidente do Senado virar adubo, vão rebatizar o Estado. Acostume-se com Sarneylândia ou algo similar. Alguém duvida?

- Para nascer, Maternidade Marly Sarney;
- Para morar, escolha uma das vilas: Sarney, Sarney Filho, Kiola Sarney ou Roseana Sarney;
- Para estudar, há as seguintes opções de escolas: Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney e José Sarney;
- Para pesquisar, apanhe um táxi no Posto de Saúde Marly Sarney e vá até a Biblioteca José Sarney, que fica na maior universidade particular do Estado do Maranhão, pertencente a um tal de José Sarney;
- Para inteirar-se das notícias, leia o jornal O Estado do Maranhão, ou ligue sua telinha na TV Mirante, ou, se preferir ouvir rádio, sintonize as Rádios Mirante AM e FM, todas do tal José Sarney. Se estiver no interior do Estado ligue para uma das 35 emissoras de rádio ou 13 repetidoras da TV Mirante, todas do mesmo proprietário;
- Para saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Murad Sarney, recém batizado com esse nome, coisa proibida pela Constituição, lei que no Estado do Maranhão não tem nenhum valor, como as demais;
- Para entrar ou sair da cidade, atravesse a Ponte José Sarney, pegue a Avenida José Sarney, vá até a Rodoviária Kiola Sarney. Lá, se quiser, pegue um ônibus caindo aos pedaços, ande algumas horas pelas "maravilhosas" rodovias maranhenses e aporte no município José Sarney.
- Para reclamar de tudo isso, caso você não tenha achado direito, vá até o Fórum José Sarney, procure a Sala de Imprensa Marly Sarney, informe-se e dirija-se à Sala de Defensoria Pública Kiola Sarney.

A Sarneylândia é um dos Estados mais pilhados do Brasil, dominado por seu senhor feudal como manda o figurino medieval. E vai continuar assim por muito, muito tempo mesmo, roubado e fascinoramente dominado que é pelo clã dominante e seus aliados subalternos. A impunidade e a injustiça não têm limites, ainda mais por aquelas bandas, ainda mais nas fuças de cada um de nós, coniventes e indiferentes perante a miséria alheia.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

A Gripe Suína e o Planeta dos Macacos


Ok. Estou um pouco atrasado. A OMS já anunciou que não vai mais chamar de Gripe Suína a Gripe Suína. Devemos agora chamá-la de H1N1 influenza A. Que chato. Eu preferia Gripe Suína, ainda mais depois de saber que a OMS ordenou o rebatismo quando a indústria agropecuária e a agência da ONU para alimentação manifestaram preocupação de que o termo "gripe suína" estivesse desorientando consumidores e causando uma matança desnecessária de porcos em alguns países. Coitados dos porcos. Não adianta o Discovery fazer programas mostrando como eles são inteligentes e como dariam melhores animais de estimação do que os cachorros. Sobra sempre pra eles. Nem nos romances eles são poupados, que o diga George Orwell.



Quem deve ter ficado feliz com a nova "pandemia", além da imprensa sensacionalista de inspiração estadunidense, como a nossa, foi a indústria farmacêutica. Ontem mesmo, no Jornal Nacional, apelou-se para que a população parasse de se medicar por conta própria devido à gripe H1N1 influenza A. Não existia, até ali, nenhum caso registrado na América do Sul inteira (hoje é que apareceu a primeira suspeita, pelas bandas de alguma montanha peruana). Mesmo assim, acabaram com o estoque de anti-gripais no Rio de Janeiro. Com relação aos porcos, mais uma vez o Jornal Nacional se calou.


Muito bem. Cada um que arrume seu jeito de sair da crise, ou de fechar de vez com as fronteiras mexicanas, especialmente as do norte. No final, não passa de mais uma história de porcos e de chiqueiros, de grandes interesses financeiros, de supérfulos motivos para segregar... Estas sim, verdadeiras "pandemias" que o homem não se cansa de produzir, e que a humanidade não se cansa de enfrentar...

quarta-feira, 22 de abril de 2009

22 de abril - Dia do Planeta Terra

Uma homenagem carinhosa do Governador Arruda ao nosso Planeta

sábado, 4 de abril de 2009

Parabéns, Internacional

Não entro no mérito do interesse do leitor sobre o tema, nem no mérito do próprio tema. Isto é irrelevante. O propósito deste post é absolutamente egoísta e mesquinho. Quero deixar um registro pessoal para mim mesmo! Este se trata de um espaço onde exponho meus pensamentos, o que me oferece tal prerrogativa.

Sou colorado e hoje o Sport Clube Internacional completa 100 anos. Em 1909, um tal de Henrique Poppe Leão e seus irmãos, José e Luís, resolveram fundar um clube de futebol, pois os então existentes em Porto Alegre eram fechados para "estrangeiros", especialmente os "não-germânicos". Negros e operários, nem se fala. Henrique foi comerciante, mas era também jornalista. Escrevia para diversos jornais, dentre os quais um tal de "Jornal Exemplo", relacionado à cultura negra. Estes jornais foram praticamente "esquecidos" pela historiografia oficial, mas eram diversos naquela República ainda recente. O Internacional, com certo ideário inconformista, libertário e ecumênico, a contar por seu próprio nome, desde sempre teve suas portas abertas a quem fosse, tanto que dois negros já assinavam sua ata de fundação.

Não por acaso, foi o primeiro clube gaúcho (e pioneiro também em termos nacionais) a aceitá-los em seu plantel, selecionados que eram da "Liga da Canela Preta", campeonato extra-oficial organizado pelos negros porto-alegrenses, que se negavam a deixar de praticar o nobre esporte bretão. Somente nos anos 1920 o Inter começou a remunerar seus atletas, o que atraiu os craques da "Liga" para o Clube. Na época, a marginalização social deles e de outros grupos era ainda maior. Mas não com o Colorado. Somente o Inter os recebia. Impulsionados por seus representantes nas equipes, os torcedores que ocupavam as regiões mais humildes da capital se viram atraídos para o Inter, que recebeu na época a relevante alcunha de "Clube do Povo", que orgulhosamente ostenta até hoje. Também nos chamavam de "clube dos negrinhos", e, adaptando o pensamento racista gaúcho para os dias atuais, ainda nos chamam lá pelo sul de "macacos". Sem problemas. Somos internacionais. Somos plurais. Somos tudo isso mesmo, com muito orgulho.

Nos anos 1940 o Clube contava com um elenco formidável, que formou o inesquecível "Rolo Compressor". Na época, no antigo Estádio dos Eucaliptos, o time contava com um torcedor famoso, chamado Charuto (foto). Charuto era um negrinho que, conta-se, vivia de biscates no porto de Porto Alegre. No Inter era ilustre. Não pagava ingressos. Sentava na primeira fila, onde assistia as inesquecíveis vitórias invariavelmente bêbado, bradando tenazmente "Cororado! Cororado!" para quem ousasse chiar contra o Clube nas arquibancadas. Ainda nos anos 1940, e por razões que jamais saberemos, Charuto levou uma facada nas cercanias do Mercado Público de Porto Alegre. Morreu assim, viveu como pôde, mas foi enterrado como príncipe, quando seu ataúde foi carregado pelos jogadores colorados devidamente fardados.

Nos anos 1960, o Clube recebeu da Prefeitura um pedaço de água nas margens do Lago Guaíba. A começar pelo esforço em aterrar o "terreno", contando com a força de um sentimento muito popular, começou a erguer seu atual Estádio, o Gigante da Beira-Rio. A obra era deveras custosa, e parecia interminável. Depois de muitos anos e contando com o apoio de sua torcida, que doava o que podia, areia, cimento, tijolos... conseguiu inaugurar uma nova era, também inesquecível.






São muitas histórias que me fazem estar ligado a este sentimento de ser colorado, que significa, dentre muitas coisas, a estabelecer fraternidades sem preconceitos ou pré-requisitos. Grande parte dessas histórias sequer vivi, como estas que preferi recordar agora. Ser colorado significa outra coisa. Não se relaciona com a crítica fugaz do esporte como alienação. Está acima destas coisas. É um elo com a terra onde nasci. Com meus familiares e comparsas, colorados ou não. Faz parte da raiz de minha identidade. Provoca-me orgulho e satisfação, em um mundo tão carente de alegrias e tão demandante de deliciosas alienações.