sábado, 16 de junho de 2012

A Copa no Chile e a Copa no Brasil: 50 anos de terremotos e desaprendizado


Hoje comemora-se 50 anos do bi-campeonato mundial brasileiro conquistado nas terras andinas chilenas. Como toda data comemorativa, ela nos convoca a refletir.

Em 1960, a apenas dois anos do evento - exatamente como vivemos hoje aqui no Brasil, já que a Copa terá início em junho de 2014 - o Chile foi devastado por um terremoto. Com recursos que nem se comparam as possibilidades atuais, o país lambeu as suas feridas e se reconstruiu a tempo de realizar a Copa com sucesso. Fosse hoje, além de não realizar a Copa, o Chile correria o risco até de ser expulso da ONU por conta do eventual fracasso!

Por que passados 50 anos ficou tão difícil e tão caro realizar uma Copa do Mundo? Por que a FIFA e os governos se afrescalharam tanto com o passar das décadas? O que mais deveria importar não seria ver a bola rolando e curtir a festa popular ao invés de se submeter prostituisticamente aos interesses da super-ética do capital? Por que temos piorado em tantos quesitos com o passar das décadas, dando ainda mais margem a maracutaia e ao desperdício? Os tempos mudaram, é claro, mas precisava ser para tão pior assim?

A Copa de 1986 deveria ter sido realizada na Colômbia. Poucas semanas depois de ser empossado, em agosto de 1982, o presidente colombiano Belisario Betancour peitou a Fifa ao declarar que: "aqui não se cumpriu com a regra de ouro em que a Copa deve servir à Colômbia e não a Colômbia à multinacional Fifa. Por essa razão, a Copa de 1986 não ocorrerá no nosso país. Nossas necessidades reais são outras. Não há tempo para atender às extravagâncias da Fifa e de seus sócios". O principal arranca-rabo na ocasião era por conta do número de estádios que a entidade exigia. A Fifa mostrou o seu poder (que é maior do que o de qualquer país ou da própria ONU) e aquela Copa parou no México, que a propósito, um ano antes também sofreria com um terrível terremoto. Por conta disso, a Copa acabou rolando no México com o número de estádios exigido, mas muitos deles com a capacidade inferior aos mínimos 40 mil lugares determinados pela Fifa que tiraram a Copa da Colômbia. Mas rolou.

Em 1962 vencemos os tchecos na final por 3X1, com xou de Garrincha e da Elza Soares e o resto virou história. A dois anos de nossa segunda Copa, também sofremos com os nossos terremotos, simbólicos, é verdade, mas tão trepidantes quanto o chileno de 1960 ou o mexicano de 1985. E pasmem, diante de nossa atual seleção e do cenário futebolístico internacional, parece que até dentro de campo temos desaprendido as coisas, este sim um terremoto sem precedentes na Escala Richter. Para o bem ou para o mau, é mesmo de chorar, velho Zagallo!

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