domingo, 11 de novembro de 2007

Microcosmo do pensamento paulista


Até 1961, toda a história e conhecimento adquirido pela humanidade não foi suficiente para sabermos algo simples como, por exemplo, a cor do Planeta Terra. Foi preciso um cosmonauta russo viajar para o espaço e bradar espantado que “A Terra é azul”. Tínhamos um estereótipo diferente da Terra. A conclusão, que hoje parece óbvia para ciência, é a de que é preciso ter a capacidade de se observar “de fora” para poder fazer uma avaliação com o mínimo de discrepância possível da realidade, diminuindo a possibilidade de um estereótipo.


A definição da palavra “estereótipo” sempre vem carregada de uma idéia preconcebida alimentada pela falta de conhecimento real do assunto. Infelizmente, poucos estereótipos são em vão. Muito se reclama do estereótipo que o americano médio faz do Brasil e do brasileiro. Difícil entender que a capital do Brasil não é Rio de Janeiro ou Buenos Aires, que não vivemos em árvores ou que aqui não andamos na calçada sambando envolto por mulatas. O estereótipo do americano “médio” é o texano. O texano vive em um estado conservador, republicano, rico (O PIB do Texas é semelhante ao do Brasil), e dificilmente acha que exista melhor lugar no mundo que os EUA (mesmo sem nunca terem saído de lá). O microcosmo do pensamento texano é o que representa o americano “médio” perante o mundo. Não precisa ser necessariamente um texano ao estilo George W. Busch (que certa vez perguntou incrédulo ao ex-presidente FHC, se no Brasil existiam negros), podendo até ser o californiano Ronald Reagan (que na realidade nasceu em Illinois), que em visita em terras tupiniquins, confundiu o nosso país com a Bolívia.


O microcosmo texano é a pecha que o americano “esclarecido” tem que se livrar. O brasileiro, por sua vez, também faz um estereótipo de si mesmo. Quem dita isso é o microcosmo do pensamento paulista, que está impregnado em todos os setores (economia, política, imprensa, universidades entre outros). O microcosmo paulista é a pecha que precisamos nos livrar. Uma pecha mesquinha, daquelas que não se importa com os outros, não se importa nem com a sua própria ignorância. Paulo Zottolo, presidente da Philips que menosprezou o estado do Piauí, é o típico representante do microcosmo paulista. O microcosmo paulista, predominante na nossa imprensa, mal sabe e nem quer saber se o Piauí fica no Norte ou Nordeste. O microcosmo paulista não se importa com a alcunha belicosa e separatista de gaúchos, nem com o estilo carioca de malandro e bon vivant. O microcosmo paulista é mesquinho e só pensa em si mesmo. Não reconhece “o outro”e não enxerga “de fora”. Para o microcosmo do pensamento paulista, o lucro é a substantivo principal em detrimento das relações afetivas. Nelson Rodrigues certa feita parodiou que “o pior tipo de solidão é a companhia de um paulista”. É verdade. Nenhum paulista reclamou porque paulistas não se identificam nem com eles mesmos, reconhecem somente o dinheiro ou o que eles consideram sucesso profissional. O brasileiro precisa perder o microcosmo do pensamento paulista, a imprensa também.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pô, eu gosto dos paulistas. São bem educados, profissionais pra caramba, de raciocínio rápido e boas-praças, além de terem bom conhecimento de cultura pop.
Além disso são engraçados, principalmente quando falam "tá ligado" ou dizem constrangidos que nunca viram uma vaca ou cachoeira de perto na vida, e, comparados aos cariocas eshpertos, são bem honestos (no varejo, claro, afinal são brasileiros, porra).
Só não curto muito as mulheres de lá, porque são muito masculinizadas, flácidas e falam grosso.

Giovani disse...

Acho triste essa visão que o Brasil tem de nós pois apesar dos pesares sempre recebemos a todos muito bem, claro que há também conterrâneos preconceituosos ou arrogantes, mas acredito que esses estão longe de ser a maioria. E diga-se de passagem faz quantos anos que Nelson Rodrigues disse isso?
O tempo passa e as coisas mudam "manow".
Um Salve desse irmão paulistano para todo o Brasil...