quinta-feira, 19 de março de 2009

A mendicância nos esportes brasileiros

Os dois esportes mais importantes na preferência dos brasileiros são o futebol e aquele outro que estiver ganhando.

Vôlei, tênis, natação, basquete, automobilismo (que muitos insistem em considerar um esporte) e até a ginástica chegaram a ocupar esta posição tão privilegiada. Basta estar ganhando. Com as vitórias aparecem investimentos, patrocínios, visibilidade. Em suma, aparece o interesse dos brasileiros.

Mas a preferência por estes esportes é sazonal, assim como são as suas conquistas. O vôlei, por exemplo, consegue se manter por mais tempo como "segundo esporte" dos brasileiros porque tem ganhado com mais frequência. Só por isso. Esportes olímpicos, como a ginástica, se tornam interessantes para nós apenas de quatro em quatro anos, e somente quando nos convencem que ali reside alguma esperança de medalha. Contudo, infelizmente não fomos criados para sermos campeões olímpicos. Não sei o que acontece. Só sei que é assim. Inclusive com o futebol, acredite quem quiser.

Conseguimos formar uma equipe de ginástica competitiva nestes últimos anos. Nossas ginastas (e aí incluo o Diego Hipólito) foram campeãs dos mais diferentes torneios e competições internacionais. Mas sabemos todos que nenhum destes títulos tem alguma importância. Perto de uma medalha olímpica, nenhum se torna digno de lembrança.

O que lembramos bem, como típicos brasileiros que somos, são os "nossos" fracassos. Recentemente, nenhum deles foi mais retumbante do que a de nossas ginastas em Beijing (e aí incluo novamente o Diego Hipólito). Jade Barbosa foi a imagem de nosso complexo de "vira-latas" - parafraseando Nélson Rodrigues. Na época, lembro-me bem, não sei se sentia pena ou vergonha ao assitir a choradeira da atleta brasileira diante de seu fiasco na competição. Alguns me dirão que pela primeira vez uma equipe brasileira chegou às finais, etc. Por favor, poupem-se do trabalho de mencionar tais cretinices. Isto não significa absolutamente nada.

Nossos atletas olímpicos de "ponta" precisam da ajuda do governo para sobreviver. Muitos recebem a "bolsa-atleta" no valor de 2.500 reais. Nada mal, se levarmos em conta que a bolsa para alunos de doutorado no país vale 1.800. Mas Jade Barbosa talvez nem isso receba, pois tem contrato com um clube, o Flamengo, do qual também não recebe ajuda médica. Assim como não recebe da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).

Por isso, em busca de recursos para tratar uma lesão grave no punho direito, a ginasta decidiu pedir a ajuda dos fãs, vendendo camisetas e outros artigos esportivos em seu site. O modelo feminino Pequim-2008 custa R$ 25,00, enquanto as demais camisetas estão à venda por R$ 49,90.

Recomendo à Jade que esqueça seu punho e utilize o dinheiro arrecadado dos otários que contribuírem para pagar uma faculdade ou investir em alguma outra coisa, enquanto ainda haja tempo. E, aos deuses do Olimpo, agradeço que depois dos Jogos de 1920, na Antuérpia, nossa equipe de tiro não tenha ganho mais nenhuma medalha para o país.

Um comentário:

ESCAPISTA disse...

Poxa...Coitada da Jade! Acho que ela é merecedora de apoio.

Sniper, você tá levando muito a sério esse negócio de sobre tudo e contra todos.

Vou lá no site dela comprar uma camiseta.