segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Doca Street: Memórias de um Cárcere Playboy

Setembro de 2006 e R$ 39,90. O preço da livraria escrito a lápis e a data em que comprei não foram apagados. Olhando pra estante, puxo mais um livro que não terminei de ler. Afirmo com poucas chances de falhar que foram os R$ 39,90 mais mal gastos em minha vida desde então. O título é “Mea Culpa”. O autor, um playboy: Doca Street. Doquinha (como era chamado pelos amiguinhos playbas) assassinou a tiros uma das mulheres consideradas mais belas do país, Ângela Diniz, uma socialite caça-tesouro$.

O livro é bestial, piegas e ruim, um pecado mortal ser homônimo do “Mea Culpa” de Céline. Obviamente Doca Street, hoje um sectagenário, nunca leu Céline. As vezes penso o quanto seria bom que eu fosse preso, assim como Doquinha. Moraria e comeria as custas do Estado, e de quebra, teria alguns anos pra ler o que eu quissesse, com direito a "banho de Sol", privilégio que não desfruto com a bunda sentada numa cadeira de escritório.

Doquinha deixou mulher e filho pra ficar com Ângela Diniz. Após uma briga, Doca Street matou Angela com quatro tiros em Búzios. Doquinha fugiu e foi preso. Condenado a 15 anos em seu segundo julgamento, após 2 anos e meio, já estava em liberdade provisória. No primeiro julgamento, amparado por um dos criminalistas (Evandro Lins e Silva) mais caros do país, Doquinha saiu em liberdade com a tese de legítima defesa da honra. Doquinha conta em seu livro o quanto não foi fácil pra ele conviver com este episódio.

Parei de ler na página 50. Faltou 420. O livro não estava fazendo valer as árvores utilizadas para fazer o papel. Na terceira página, Doquinha, como todo palyboy inconsequente sem a mínima noção de justiça, após matar Ângela, bebeu uísque, fugiu pra casa de amigos, cochilou e no dia após o crime já estava nadando em uma piscina, como se nada pudesse alcançá-lo. Doquinha ainda almoçou com a família, fato que ele descreveu como momento alegre que lhe trouxe paz.

No outro dia, a mãe* de Doquinha já apareceu com uma equipe de dois advogados, dois psiquiatras e um analista para o filhinho. “Coitadinho dele, brigou com a namorada e foi obrigado a encher ela de bala” – deveria pensar a velha em retardo já avançado. Nas próximas páginas, tem um incontável número de sobrenomes – Soares; Matarazzos; Júniores e outros cúmplices. Tenho que tirar o chapéu para esta capacidade nominal de memorização dos playboys. O interessante é que, até então, sem dizer o nome ou sobrenome de nenhum, o escritor Doca já passou por três porteiros, dois jardineiros, um motorista e outras 5 camareiras e empregadas domésticas da chácara onde ele se escondeu. Em um exercício literário, Doquinha ainda tenta descrever os dois seguranças-capangas contratados para ajudá-lo a fugir:

“...dois homens que eu nunca vira...o primeiro era um gordinho bem moreno...o outro parecia um índio, bem magrinho. Parecia perigoso”.

Ótimo! Ele mata a namorada, vai tomar uísque, cochilar e nadar na piscina, e o perigoso, pra ele, é o segurança índio que vai ajudá-lo. Fico pensando com quantas copeiras, faxineiras, seguranças, camareiras e motoristas se faz um Doca Street da vida. Os Playboys não amadurecem. Morrem imaturos. Doca escreveu o livro aos 71 anos e continua Doquinha. Vai morrer Doquinha. Ele matou a namorada aos 45 anos com a maturidade de um pré-adolecente problemático. Doquinha's, Jorginho's Guinles, Chuiquinho's Escarpa's** e Alexandre's Nardoni's não envelhecem. Nunca.

Dos R$ 39,90 que gastei, fico pensando que contribui pra mais um golinho do champagne de Doquinha. Esta noite terei pesadelos...

*Os pais dos playboys, que transformam as suas crias em sociopatas imbecis e imaturos pelo resto das vidas, também deveriam ser condenados por toda a merda que seus filhos fazem no mundo e que eles acobertam.

** Doquinha, Jorginho, Chiquinho...inhos e inhas...Reparem na insistência incidência de diminutivos na alcunha playboyziana. Seria uma mistura de complexo de Peter Pan com o de Édipo daqueles que se recusam a crescer e largar as tetas das mães?

3 comentários:

Unknown disse...

Na ânsia de condenar o playboy, vc escreveu um texto típico de playboy: cheio de preconceitos. E aqui, o pré-conceito é literal: vc fala sobre um livro do qual leu pouco mais de 10%. Cuidado c/ tanta raiva e intolerância. Amanhã vc pode ser pego pondo fogo num índio, e ainda alegar em sua defesa q achava q era um mendigo.

Abs,
Daniel.

Anônimo disse...

Daniel, aposto que vc é igual aos pplayboys retardados/assassinos da vida.

Anônimo disse...

Na ânsia de condenar o playboy, vc escreveu um texto típico de playboy: cheio de preconceitos. E aqui, o pré-conceito é literal: vc fala sobre um livro do qual leu pouco mais de 10%.
Concordo literalmente
O Brasil precisa de mais pessoas como Daniel e menos como você