domingo, 10 de fevereiro de 2008

Bangladesh não é aqui


Finalmente, Bangladesh virou notícia por aqui. A edição deste domingo do Diário Catarinense (o jornal de maior circulação do Estado sulista, do grupo Rede Globo) publicou uma reportagem de página inteira (p. 25) sobre o obscuro país asiático, de que pouco se sabe por estas bandas do planeta.

O assunto não poderia ser mais original: prostituição. Ao ler o libelo literário, descobri que por lá, mais exatamente na cinzenta e empoeirada cidade de Goalundo Ghat, 1,6 mil mulheres e crianças vendem serviços sexuais para mais de três mil homens todos os dias, e por preços módicos, muitas vezes suficientes apenas para alimentar a si e a alguns filhos.

Em Bangladesh, as profissionais do sexo sofrem com a discriminação, e muitas vezes, ao engravidarem, torcem para que seja de meninas, já prevendo o lucro futuro com a entrada das filhas nesta carreira profissional. Pelo visto, algo único e genuinamente bangladeshiniano!!!

Dica para as prostitutas de Bangladesh que sonham em trocar de vida: não se mudem para o Brasil! Por aqui, a coisa pode ser pior. Ao contrário de vocês, em um dos maiores paraísos sexuais da Terra, vossa profissão é tida como criminosa, o que piora - e muito - o exercício de vosso labor. Além disto, não possuímos uma organização como a Bangladesh Women's Health Coalition (BHWC), que, além de defender vossos direitos e viabilizar campanhas educativas de sexo seguro, promove o badalado prêmio de "Melhor Cafetina" para os destaques do ramo.

Seja em Fortaleza ou em qualquer outra cidade do Brasil, profissionais do sexo apanham da polícia, são exploradas por todo mundo e ainda são discriminadas de forma revoltante, todos os santos dias. Pra piorar, estas coisas nunca viram notícia no jornal de domingo.

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