terça-feira, 15 de abril de 2008

Raimundo Nonato, o Bin Laden brasileiro


O Brasileiro é um povo bunda. Sempre foi. Nunca soubemos faturar com nada. Nunca ganhamos com uma idéia ou invenção sequer. Santos Dumont pode até ter inventado o avião, mas foram os irmãos Wright que souberam faturar pro resto do mundo. Santos Dumont só queria ficar passeando com seus dirigíveis por Paris e se exibindo para seus amigos e namorados nos bristôs da cidade luz. Depois ficou tarde pra tentar recuperar a fama.

Assim como avião, também existem outros inventos brazucas que não foram devidamente reconhecidos: Abreugrafia (Raio-X de pulmões); dirigível; balão de ar quente; escorredor de arroz; radiotransmissor; Identificador de Chamadas (BINA); fotografia e a máquina de escrever são só alguns exemplos.

O último cara original que ninguém vai lembrar pelo seu fracasso possui um nome bem comum aos brasileiros: Raimundo Nonato.

Raimundo Nonato teve a feliz idéia de seqüestrar um BOING 737 em Belo Horizonte e desviar a rota para Brasília, onde iria enfiar a aeronave no Congresso Nacional. Tudo isso em 1988, muito antes da idéia de Bin Laden. Até imagino os burocratas ociosos e engravatados pulando do 26º andar com suas máquinas de escrever para não serem fritados pelas chamas.

Como todo brasileiro, Raimundo Nonato fracassou. Assassinou o co-piloto do Vôo 381 (ou seria 375?) da Vasp que fazia a rota Belo Horizonte – Rio de Janeiro. Coube ao comandante, Fernando Murilo de Lima e Silva, render-se ao seqüestrador. O comandante ficou três horas negociando com Raimundo e fez duas manobras até hoje inéditas com o BOING para tentar desarmar Raimundo. Primeiro deu um parafuso e depois ficou de ponta cabeça com um giro de 360º. Foi quase um “duplo twist carpado” com o seu bólido. As manobras avariaram o avião que teve algumas peças desprendidas caindo em um condomínio de casas em Goiânia (sempre Goiás!). O combustível acabou e o BOING pousou na capital goiana. Raimundo Nonato tentou fugir em outra aeronave e foi baleado. Morreu de infecção dias depois no hospital.

Nonato culpava o ex-presidente José Sarney pela penúria em que estavam ele próprio e o Brasil e decidira atirar-se com um jato com 108 passageiros sobre a Capital Federal. Como diria Carlos Drummond de Andrade, se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não uma solução. Raimundo está morto. Sarney está vivo. Sarney não vai morrer, é imortal da Academia Brasileira de Letras. Também é senador, pai de um deputado federal, de outra senadora e dono do Maranhão. Exceto para os Guerrilheiros, Raimundo não virou nem nota de rodapé da história. Bin Laden pegou a idéia de Raimundo e o resto da história vocês já conhecem.

O comandante Meirelles foi demitido tempos depois pelo então dono da VASP, Wagner Canhedo (maior sonegador da receita federal do Brasil cujo os netos passeiam por Brasilia com a Ferrari do vovô). Em qualquer país sério, Wagner Canhedo e sua prole estariam presos, o comandante Fernando Meirelles viraria herói, Salvador Evangelista, o co-piloto que não escapou da bala, viraria estátua, e essa história toda, viraria filme. Quem sabe os EUA não compram essa idéia...

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