quinta-feira, 10 de abril de 2008

Reitor da UnB pede afastamento


Na manhã desta quinta-feira, o ainda reitor e salafrário Timothy Mulholland pediu licença de seu cargo por 60 dias para "apaziguar" os ânimos da comunidade acadêmica e "facilitar" o processo de apuração das denúncias. O que o ainda reitor não comentou é que ontem o MPU e o MPDF entraram com uma ação conjunta afirmando que o cara-de-pau não possuia mais respaldo jurídico para permanecer em seu trono. Na verdade, para mim, a questão do reitor extrapola seu cargo na UnB. Se estivéssemos em um país sério, este reitor deveria estar preocupado em não ir para cadeia, isso sim.

Decidido hoje em assembléia, o Movimento de Ocupação permanecerá ocupando a reitoria. Achei sábia a decisão. Crápulas como Timothy se acostumaram a fazer uso de recursos públicos em benefício próprio se escondendo atrás do véu da impunidade e da apatia e descaso popular. Como ninguém se importa com nada, Oxalá o caso UnB permita "contaminar" o resto do Brasil com uma onda de protestos contra a impunidade dos casos de corrupção.

Ontem, a assembléia contou com 1600 estudantes, cerca de apenas 5% da comunidade acadêmica da UnB. Muito pouco, em realidade... Deveria existir maior envolvimento das pessoas com causas como esta, especialmente no circuito acadêmico, tradicionalmente protagonista dos grandes momentos históricos de protesto contra um status quo corrompido. E, ao contrário do que muitos podem estar pensando, nesta ação não existe nada de infantil ou de "vagabundagem".

Os 5% de alunos envolvidos demonstram possuir muita maturidade e consciência para se posicionar perante uma situação de crise, que julgam procedente (pois É absolutamente procedente). E os demais 95%, aonde se encontram neste momento histórico? Boa parte chamando os ocupadores de "maconheiros desocupados e vagabundos", enquanto se banham em suas piscinas oferecidas pelo papai, provavelmente mais um corrupto existente nesta difamada capital.

4 comentários:

Anônimo disse...

Num país sério, não só as leis, mas também as ordens judiciais são cumpridas. Os "rebeldes" já foram condenados ao pagamento de multa a cada hora que deixam de cumprir a ordem de reintegração de posse.
Invadiram o prédio pra derrubar o reitor e forçá-lo a pagar o que deve. Será que alguém vai invadir alguma coisa exigindo o devido pagamento dessa multa pelo DCE da UnB?
Será que o MPF ou MPDF (ambos componentes do MPU)irão fiscalizar a desocupação e reparação dos danos causados ao patrimônio público pelos estudantes, ou ainda garantir o devido pagamento da multa pelo descumprimento do mandado judicial? Ou tudo isso será esquecido pela "apatia e descaso do povo"?
E ainda têm coragem de falar em impunidade?
É bom lembrar que os políticos podres, corruptos e blábláblá que mandam no país, começaram suas carreiras, em sua maioria, em "movimentos estudantis", como grêmios e DCE, de Zé Dirceu a Fernando Collor (e com certeza o Lula, se houvesse estudado).
O estudante raivoso de hoje é o político corrupto de amanhã. Não me surprenderia se o próprio Mulholland, que nunca produziu nada que não artigos acadêmicos, tivesse participado de agremiações estudantis politiqueiras, tal e qual seus atuais antagonistas.
A hipocrisia brasileira é demais. Pega ladrão, mas eu não.
Enquanto isso a biblioteca da UnB está repleta de notebooks abertos pelos seus engajados e conscientes estudantes, preocupados que são com o erário.

Anônimo disse...

Então, o que vc sugere, timóteo? Nada serve, nada é válido, é isso? devemos deixar tudo como é, como sempre foi? Ah, estou cansado deste tipo de crítica niilista, enquanto tem gente morrendo de fome às custas da corrupção...

Anônimo disse...

Anônimo, não é isso... acho que o timóteo apenas está chamando a atenção que não são tudo flores e que muitos aproveitam estes momentos para se promoverem social e politicamente.. a história já provou isso.. ok! mesmo assim, eu acho que isto não deve inviabilizar nem deslegitimar ações coletivas como esta da unb. senão, jamais seremos agentes da história, mas apenas um acaso dela.. falow, Marcelino

Anônimo disse...

Bem, em primeiro lugar, minha crítica não tem nada de niilista, pelo contrário, a idéia principal que eu pretendi defender (parece que sem sucesso) é justamente que ninguém está acima das regras regentes da vida em sociedade, principalmente as jurídicas, e que essa bandeira está sendo levantada como mera desculpa para que os tais estudantes façam farra. Qual é o problema de ter o reitor comprado lixeiras de mil reais? No fim das contas, é um só: desrespeitou as regras a que estava sujeito. Bem, como alguém pode querer a punição de quem desrespeitou regras justamente pela via do desrespeito às mesmas regras?
E a farra é uma coisa normal na vida de quem tem 20 anos. Nada demais que um jovem nessa fase só pense em sexo, cerveja, dar risada, se divertir. O que não é normal é um cara de 40 anos continuar agindo assim. O problema da farra é querer-se dar a ela ar de coisa séria...
Meu outro ponto é justamente esse; para ser parte da história, ninguém precisa ser revolucionário, ou mártir, ou herói não. A minha sugestão é que cada um encontre seu papel social, e o realize com afinco e honestidade. Se você é estudante, então estude, pra depois poder colcoar em prática o que aprendeu, de forma honesta, rompendo com o modelo do nosso país, que ja dura mais de 500 anos. Democracia não é grito, não é baderna, não querer enfiar sua própria razão guela abaixo dos outros.
No Estado Democrático de Direito, quem tem legitimidade p/ julgar alguém não são estudantes, mas juízes. Ninguém discute que o episódio Mulholland é um absurdo, e que os estudantes têm legitimidade p/ procurarem os meios legais p/ cassar o mandato de reitor, e de se m,anifestarem livremente. Mas essa manifestação obrigatoriamente deve ser voluntária e pacífica, sem o uso de qualquer violência, seja contra a pessoa, seja contra patrimônio.
Se o desvio de conduta das autoridades, bem como as imunidades de que muitos gozam, são tão criticadas por todos, inclusive estudantes universitários, como podem querer agir da mesma forma?